Slow medicine é um movimento de conscientização da prática da Medicina, com vários centros de difusão internacionais, inclusive no Brasil, que considera o tempo como elemento primordial na relação médico-paciente. Ela prioriza o tempo adequado para a escuta eficiente à queixa do paciente, bem como ao raciocínio clínico bem refletido e à escolha da proposta terapêutica mais eficaz, evitando-se, por estranho que possa parecer, a ‘perda de tempo’ e a ineficiência do tratamento.
Já é bem conhecido, por outro lado, a ‘fast medicine’ que domina a relação médico-paciente hoje em dia. Por uma série de fatores, a prática médica está sendo rapidamente conduzida à precarização desta relação. Consultas cada vez mais rápidas, protocolos cada vez mais generalizadores, abundância de exames de alta complexidade, exagero nas abordagens cada vez mais especializadas, com a compartimentalização cada vez mais especifica do paciente, que se vê acompanhado por múltiplos especialistas que frequentemente não se comunicam.
Resultado: insatisfação tanto de médicos como de pacientes.
A Homeopatia se identifica com a slow medicine em diversos pontos, mas principalmente na necessidade muito cuidadosa da escuta e identificação dos sintomas particulares de cada paciente.
Naturalmente, não são todos os homeopatas que aderem a esta filosofia, por uma série de justificativas, mas, em nosso caso, só temos encontrado benefícios e satisfação dentro desta prática.
Poder estender uma primeira consulta por frequentemente 2 a 4 horas, e realizar consultas de retornos durante 1 a 1 hora e meia, no entanto, exige não só filosofia e idealismo como também preparo estrutural logístico, científico e financeiro. São muitos fatores a vencer para poder praticar a slow medicine no Brasil e em muitos lugares do mundo.
A medicalização exagerada da população, a atuação indevida de convênios médicos, a precarização das relações de trabalho entre médicos e instituições de saúde, a desvalorização da opinião médica e da relação médico-paciente são apenas alguns dos principais fatores contra os quais se deve lutar.
Por outro lado, a possibilidade de escutar sem ansiedade o paciente, dando-lhe tempo para falar de tudo que o aflige faz com que venhamos a conhecer outros motivos menos óbvios mas não menos importantes, que embasam o seu sofrimento. Essa oportunidade inestimável garante a realização de uma medicina mais honesta e verdadeira, que ilumina espaços obscuros não percebidos pela pressa. Permite que médico e paciente realmente se vejam, e possam explorar instrumentos terapêuticos negligenciados muito facilmente, como a confiança, o compromisso, a clareza, o convencimento baseado em evidências, etc.
Pessoalmente podemos nos considerar como privilegiados por poder realizar uma Medicina assim, tanto quanto possível. Gostaríamos mesmo é de poder perceber que muitos colegas e pacientes já conseguem desfrutar da slow medicine. Quem sabe no futuro próximo as próprias consequências da Medicina que criamos acabem por nos levar a ela?

Dr. Alexandre Eduardo W. U. F. Perez – CRM: 86.576 / RQE:83.551
Especialista em Homeopatia pelo Instituto Homeopático François Lamasson
Titulado pela Associação Médica Brasileira e Associação Médica Homeopática Brasileira
Clínica Anima e Soma
Av. Cascata, 111
3316 2003/3316 2006/ 99108 2842

Compartilhar matéria no
Slow medicine na Homeopatia