Mais do que geração X ou Y, hoje a onda é o que chamo de geração do Já. É a turma do prazer imediato, da rapidez virtual e ágil tecnologia que nos possibilita informações e satisfação das necessidades em segundos. Estudos sobre excesso de informação dizem que no passado o número de informações dobrava a cada duzentos anos. Hoje, é a cada um ano. 
Uma criança de sete anos de idade dos dias atuais tem mais conhecimento que um imperador romano tinha no auge de Roma. Aconteceu tudo muito rápido e o romper encantador da tecnologia apanhou-nos de calças curtas e despreparados para o que viria.
Os benefícios destes tempos modernos são sensacionais mas em excesso geram pessoas agitadas, ansiosas, impacientes, intolerantes à frustração e com relacionamentos superficiais.
O que tiver que ser conquistado, planejado, esperado, dedicado, estudado para um resultado melhor no futuro é deixado para depois. Um depois que nunca chega, pois tem sempre algo mais prazeroso e imediato para desfrutar no agora.
Interesse maior é sempre no produto pronto, saboroso e disponível. Assim, aquela parte do sacrifício sempre será adiada para mais adiante. Vilões das realizações, que saqueiam o futuro promissor com o presente confortável. Notamos nesta prioridade ao bem estar momentâneo, uma das raízes da procrastinação.  
Quantas vezes a geração do já trocou a arrumação, o estudo, um serviço, um compromisso, para simplesmente fazer algo mais prazeroso e ficar de boa na lagoa naquele momento?
Nada contra sermos práticos e ter prazer para viver, mas afirmo que esta lagoa azul um dia seca se bebermos somente dessa fonte. É o mal da modernidade líquida, na qual não há tempo para solidificar-se em nada e, no final, tudo que é líquido evapora. 
“Quem me dera, ao menos uma vez, explicar o que ninguém consegue entender: que o que aconteceu ainda está por vir e o futuro não é mais como era antigamente”. Esta música antiga de Renato Russo que anuncia os formatos dos dias atuais. Tanta ciência e vivemos num planeta acamado.
Augusto Cury diz que a sociedade moderna está doente, formando pessoas doentes para um sistema doente. Assim explica-se um pouco da fragilidade humana neste momento onde o mundo contemporâneo vive nesta ‘vibe’ de facilidades. Quando entra em contato com a pressão, dor e frustração não suporta e pede pra sair, chegando a tirar sua própria vida.
“…Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente…” Será que se tirarmos os olhos do iphone e olharmos no espelho conseguimos enxergar a tragédia silenciosa que está acontecendo nas famílias? Uma em cada cinco crianças tem problemas de saúde mental, incluindo, aumento de depressão, ansiedade e TDAH. O suicídio aumentou em 200% em crianças de 10 a 14 anos. Estamos em crise. Onde estamos errando?
Existe um grito de dor contido nesta geração que só poderá ser acalmado quando desacelerarmos e dermos o melhor que podemos dar que inclui uma mistura preciosa de quantidade de tempo, qualidade de amor e a intensidade de nossa presença com verdade, alegria e esperança.
 
Edilene Nassar é psicóloga, professora, palestrante e especialista em inteligência emocional. Contatos pelo (14) 9.8149-7242 ou edilenenassar@hotmail.com.
 

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