Minha Mãe Fazia
Ana Holanda
Já que entramos na onda de falar de comida e escrita, esse livro é uma preciosidade. Ana Holanda é editora da revista Vida Simples e mantém uma página dedicada à relação comida e afeto, além de vários cursos sobre escrita afetuosa e crônicas sobre gastronomia. “Minha mãe fazia” é um compilado de crônicas afetivas que Ana escreveu baseada no tanto que as refeições encheram sua vida de amor e carinho, mesmo quando as palavras faltavam. De receitas simples às mais complexas, Ana nos brinda com textos de dar água na boca. E também nos passa força profunda para que mesmo quem nunca se aventurou em fazer comida, tenha vontade de fazer e de brindar alguém com o afeto de um bolo feito em casa ou de uma simples sopa que pode curar a alma e as dores do corpo. Livro saboroso, perfumado, quentinho. Daqueles livros que a gente lê em um dia nublado e levanta para fazer alguma comida para quem a gente ama. Ou para nós mesmos. Vale a pena a leitura do começo ao fim. E também vale a pena conhecer a Ana e fazer um de seus cursos. Ela é um doce em forma de gente. Boa leitura!
A Cozinha das Escritoras
Stefania Aphel Barzini
Se pudéssemos falar em uma palavra o que “A Cozinha das Escritoras” traz para a gente, seria “apetite”. Sim, essa palavra tão pequena pode muito bem traduzir a delicadeza com que a italiana Stefania nos brinda durante leitura dessa obra. Não é um romance e muito menos um tratado, mas sim um livro que vai estimulando, e por isso mesmo abrindo, nosso apetite por comer e saber um pouco mais da vida das escritoras retratadas no livro. Com minibiografias, vamos lendo a belíssima relação entre a comida e a escrita (duas formas de arte) e como cada autora retratada conseguiu trazer para nós o tanto que o alimento, e suas refeições preferidas, influenciaram a obra e a vida de cada uma. As memórias e as receitas de Virginia Woolf, Gertrude Stein, Simone de Beauvoir e tantas outras, vêm recheadas de afeto e salpicadas de amor. A vida, a comida em suas obras e as receitas no final do livro fazem com que nos sintamos na cozinha dessas escritoras, tomando um chá, bebericando uma taça de creme de leite, torcendo pelo romance da vida real de cada uma e nos metendo em seus temperos, letras e histórias. Gertudre Stein fazia banquetes incríveis para Picasso e Simone de Beauvoir adorava ser ver seu grande, e verdadeiro amor, Nelson Algren, cozinhar para ela. Uma vez participei de uma ação em uma cozinha didática falando sobre esse livro e a resposta foi, além de saborear pratos incríveis feitos pela nutricionista, mais de cinco horas de conversa sobre como a literatura está presente também no nosso ato de “contar receitas e saborear a companhia de amigos”. O único ponto negativo do livro é que não temos fotos das escritoras, contudo, se você for como eu, você vai ler e vai correndo na internet pesquisar imagens da vida de cada uma. No fim do livro tem as receitas preferidas das autoras. Um livro que vale a pena ler, devorar, recriar as receitas e se apaixonar. Para ser lido sem moderação e com muita fome de saber.
Lídia Basoli é jornalista, com especialização em Comunicação pela UEL e Mestre em Comunicação pela UNESP. É coeditora e jornalista responsável pela revista Café Espacial junto com o editor e designer gráfico Sergio Chaves. www.cafeespacial.com