Com receio de contrais ao Covid-19, as pessoas estão buscando menos por consultas, tratamentos e cirurgias não eletivas, além da suspensão de prevenção dos já possuidores de outras enfermidades. Estudo com a participação do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), realizado pela Faculdade de Medicina do ABC, e em parceria com a Oncológica do Brasil Ensino e Pesquisa e a Universidade de Santiago do Chile, demonstrou que, durante o primeiro semestre de 2020 – início da pandemia de covid-19 -, houve redução do número de internações hospitalares por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) na cidade de São Paulo/SP.
O número de internações por determinadas DCNTs parecia ter diminuído em alguns países desenvolvidos, em decorrência do estado de alerta gerado pelo novo coronavírus. Porém, seu impacto ainda era desconhecido em países de baixa e média renda, como o Brasil. Assim, os pesquisadores utilizaram o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) para averiguar se e quais tipos de DCNTs tiveram seu número de internações afetado pela pandemia.
Foi constatado que, no primeiro semestre de 2020, houve redução para todos os grupos na cidade de São Paulo, com queda nas internações hospitalares por neoplasias (35%), doenças cardiovasculares (38%), doenças metabólicas (44%) e doenças musculoesqueléticas (68%). Para comparação, utilizaram o mesmo período para os anos de 2017 a 2019. O artigo foi publicado na renomada revista científica Journal of American Medical Association (JAMA) Network Open no dia 8 de março de 2021 .
As DCNTs figuram entre as principais causas de morte no mundo e no Brasil. Assim, os autores concluem com uma advertência: “a redução de internações pode, em um futuro próximo, transformar-se em aumento importante do número de pacientes com condições clínicas graves, decorrente de um atraso na busca por auxílio em saúde, o que, por sua vez, pode levar a um novo risco de colapso do sistema de saúde”.

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Estudo mostra redução de 35% a 68%  nas internações por doenças crônicas