Embora tenha apresentado uma ligeira recuperação no último dia, o Bitcoin (BTC) está tendo um dos piores inícios de ano em sua história. Desde o dia 1º de janeiro, o preço da principal criptomoeda do mercado já recuou cerca de 10%, segundo dados do CoinMarketCap.

Na segunda-feira (10), o Bitcoin chegou a ser negociado a US$ 39.886, o menor valor desde o final de setembro de 2021. Neste momento, a criptomoeda luta para se manter acima dos US$ 42.000, um preço cerca de 40% abaixo de seu topo histórico de US$ 69.000 alcançado em novembro de 2021.

A baixa se alastrou para as demais criptomoedas do mercado, conhecidas como altcoins. O Ethereum (ETH), por exemplo, já desvalorizou quase 12% na última semana. Solana (SOL), Terra (LUNA) e Avalanche (AVAX) também estão em baixa analisando os últimos sete dias.

Nos últimos dois meses, todo o mercado cripto perdeu cerca de US$ 1 trilhão. Em 8 de novembro de 2021, o valor de todo mercado de criptomoedas alcançou a marca histórica de US$ 3 trilhões de dólares. Já nesta quarta-feira (10), o valor é de cerca de U$ 2 trilhões.

Por trás da baixa estão problemas energéticos e de internet no Cazaquistão e novas decisões do Federal Reserve, dos Estados Unidos. Na primeira semana de janeiro, a indústria de mineração de BTC do Cazaquistão, a segunda maior do mundo, foi criticamente interrompida por um apagão de Internet em todo o país, mas a rede já foi restaurada.

Já no dia 5 de janeiro, o Fed anunciou que pode acelerar o cronograma de aumento das taxas de juros. Isso significa que o Fed deixará de injetar liquidez no mercado. 

Ambas as notícias impactaram o preço do Bitcoin que, consequentemente, de quase todo o  mercado cripto. 

Contudo, os especialistas em criptomoedas Felipe Escudero, sócio da O2 Research, e Paulo Aragão, cofundador do CriptoFácil e host no Bitcast, concordam que o cenário de baixa atual não invalida a tese de alta para o Bitcoin no longo prazo. 

Analisando no custo prazo, Escudero observou que o mercado segue pessimista desde o final de novembro de 2021. De lá para cá, 5,4 milhões de Ethers – segunda maior criptomoeda do mercado – foram depositadas em corretoras em todo o mundo. Isso pode indicar que os investidores de varejo estão à beira de uma realização de lucros que pode derrubar o mercado no curto prazo.

“Olhando para um horizonte mais amplo, os fundamentos das criptomoedas seguem intactos: Um dinheiro que possibilita privacidade, inconfiscável, inclusivo e que não possui vínculo com bancos ou bancos centrais para funcionar. Acredito que quem estiver olhando para o longo prazo, vai preferir ter Bitcoin e Ethereum do que reais ou dólares que, ano após ano, perdem poder de compra”, completou Escudero.

Para Aragão, nestes momentos de incerteza, o que se deve fazer é um “zoom out”:

“Existe uma expressão muito famosa em inglês que é ‘when you doubt, zoom out’. A tradução literal é ‘quando estiver com dúvidas, olhe para um período maior’. E é exatamente isto que devemos fazer agora. Apesar de estarmos em um período em que diversas pessoas estão pessimistas, os reais fundamentos dos criptoativos não sofreram nenhum tipo de alteração. O Bitcoin, por exemplo, continua e continuará sendo um ativo super interessante de se expor no médio/longo prazo.”

Aragão ressaltou que a alta injeção de liquidez que houve no mundo ao longo da pandemia gerou uma perda considerável do poder de compra das pessoas.

“Isto acendeu um alerta de que realmente não se pode confiar – de forma integral – nos governos e Bancos Centrais. Eu, pessoalmente, continuo bastante otimista a médio/longo prazo. O curto pode apresentar ruídos. É natural”, concluiu.

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Baixa atual das criptomoedas não invalida tese de alta a longo prazo, dizem especialistas
A baixa se alastrou para as demais criptomoedas do mercado, conhecidas como altcoins.