O desenho inicial das indústrias de carnes foi feito para que se evitasse primordialmente a contaminação dos alimentos. A chegada do coronavírus, porém, colocou mais um ponto crítico no setor: o da defesa da saúde humana.
A agressividade do vírus está obrigando as empresas a desenvolver novos guias de orientações e a adotar procedimentos adicionais aos já existentes.
A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) acrescentou ao seu protocolo padrões e recomendações adotadas pela União Europeia e pelos Estados Unidos na crise. Essas regiões foram muito afetadas pela Covid-19 e sofreram o impacto no setor de carnes antes do Brasil.
Os países que não levaram a sério os efeitos da Covid-19, e não se anteciparam na prevenção de possíveis efeitos no sistema, estão com problemas na produção de proteínas.
O principal exemplo é o dos Estados Unidos, onde a doença está inviabilizando a produção de carnes em algumas regiões do país. A produção de carne bovina caiu 35,4% em relação à de igual período do ano passado; a de suínos recuou 35%, e a de frango, 40%.
O Brasil tenta se antecipar aos efeitos da Covid-19. Frigoríficos e governo aceleram medidas de prevenções no setor.
Nesta semana, os ministérios da Economia, da Saúde e da Agricultura publicaram orientações gerais para os frigoríficos em razão da pandemia da Covid-19. São medidas para a prevenção e a redução do contágio entre os trabalhadores do setor.
As medidas sugeridas pelo guia dos três ministérios abrangem desde a identificação e o afastamento de funcionários com a doença até as práticas de boa higiene e conduta dos trabalhadores.
As recomendações do governo incluem mudanças nos refeitórios, evitar a concentração de funcionários nos vestiários e controle da Covid-19 já no início do transporte, quando ele é feito pelos empregadores.
A proteção dos trabalhadores durante o processo produtivo, as medidas a serem adotadas no caso do registro de infectados e a retomada da produção, quando o frigorífico passou por interrupção de atividades, também foram objeto de apreciação pelos três ministérios.
O Brasil quer evitar o que ocorreu nos Estados Unidos, onde o coronavírus provocou a interrupção de funcionamento ou a redução de atividades de três dezenas de frigoríficos.