Cientistas desenvolveram um novo comprimido que combina albendazol e ivermectina, medicamentos usados contra vermes intestinais
Um estudo clínico confirmou que um novo tratamento que combina albendazol e ivermectina é seguro e mais eficaz para combater vermes intestinais. Estas infecções afetam cerca de 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo.
O trabalho foi liderado por pesquisadores do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal). Eles desenvolveram um comprimido único e inovador que é capaz de combinar os dois medicamentos usados até então.
Resistência contra medicamentos atuais é um problema
- As helmintíases transmitidas pelo solo (STH) são causadas por quatro espécies de vermes parasitas (Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e ancilostomídeos Ancylostoma duodenale e Necator americanus).
- Estes vermes podem infectar as pessoas a partir do contato com solo ou água contaminados.
- Eles têm um impacto significativo na nutrição e na saúde, particularmente em crianças e mulheres em idade reprodutiva que vivem em áreas endêmicas da América Latina, Ásia e África Subsaariana.
- A estratégia atual de controle de STH depende de tratamentos regulares de desparasitação com albendazol para populações em risco, juntamente com melhorias na água, saneamento e higiene.
- O albendazol é altamente eficiente contra o Ascaris, mas sua eficácia contra o T. trichiura vem diminuindo, provavelmente devido à resistência emergente aos medicamentos.
- Além disso, o medicamento não é eficaz contra Strongyloides stercoralis, outro helminto que foi adicionado à lista de parasitas intestinais que requerem medidas de controle.
Maior eficácia e segurança do tratamento
Em função das limitações, os pesquisadores desenvolveram e testaram o novo comprimido que combina os medicamentos. A ivermectina, por exemplo, demonstrou ser mais eficaz contra T. trichiura quando combinada com albendazol.
O novo método é fácil de administrar, pois não requer ajustes de dose com base no peso do paciente. Além disso, o tratamento deve reduzir o risco de os parasitas se tornarem resistentes a medicamentos. As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases.
O ensaio clínico foi realizado em crianças em idade escolar (de 5 a 18 anos) infectadas com T. trichiura, ancilostomídeos, S. stercoralis ou uma combinação deles. O público foi dividido aleatoriamente em três grupos de tratamento: o primeiro recebeu dose única de albendazol; o segundo recebeu uma dose do FDC (FDCx1); e o terceiro recebeu três doses do FDC (FDCx3) em três dias consecutivos.
Não foram observados efeitos adversos graves do uso do novo comprimido e os efeitos colaterais foram semelhantes aos do grupo do albendazol. Já a eficácia foi de 97% contra as infecções causadas pelos parasitas. O próximo passo é ampliar os testes para que o novo tratamento possa ficar disponível para a população o mais rápido possível.
Fonte Olhar Digital