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Por Júnior Melo, 14 de março de 2025

A democracia está em declínio global, e o Brasil não escapa dessa tendência preocupante. Segundo o Índice de Democracia de 2024, publicado pela Economist Intelligence Unit (EIU) e destacado pelo Visual Capitalist, a pontuação média mundial caiu para 5,2 – um dos níveis mais baixos já registrados. O relatório revela que 60 países, abrigando 39,2% da população global, vivem sob regimes autoritários, enquanto apenas 6,6% desfrutam de uma “democracia plena”. O Brasil, que já figurou entre as democracias mais robustas da América Latina, agora é classificado como uma “democracia falha”, refletindo erosões em suas instituições e liberdades.

### Um mundo cada vez menos democrático
O estudo da EIU categoriza os países em quatro tipos de regime: democracias plenas, democracias falhas, regimes híbridos e autoritários. Em 2024, os números são alarmantes: 38,4% da população mundial vive em democracias falhas, como os Estados Unidos (nota 7,9) e agora o Brasil, enquanto 15,7% estão em regimes híbridos. Os autoritários, como Rússia, China e Irã, dominam a parte mais sombria do ranking. Em contrapartida, a Noruega, com uma pontuação quase perfeita de 9,8, segue como o bastião da democracia plena.

A queda na pontuação global reflete uma combinação de fatores: aumento do populismo, repressão a liberdades civis, ataques à imprensa e fragilização de instituições democráticas. “Estamos vendo uma divisão crescente entre estados livres e autoritários”, alerta o relatório, apontando para um mundo polarizado onde a democracia plena é uma realidade para poucos.

Brasil: o fim da democracia plena
Para o Brasil, o rebaixamento no índice não é surpresa para analistas políticos. Nos últimos anos, o país enfrentou crises institucionais, polarização extrema e questionamentos sobre a independência de poderes como o Judiciário e o Legislativo. Embora o relatório não detalhe os motivos específicos por país, especialistas apontam eventos recentes – como restrições à liberdade de expressão, embates entre o governo e o Supremo Tribunal Federal, e a crescente influência de narrativas antidemocráticas – como fatores que pesaram na avaliação.

O Brasil já não é uma democracia plena porque as garantias fundamentais estão sendo corroídas. “A concentração de poder, a censura velada e a desconfiança nas urnas eletrônicas minam a essência do regime democrático.” A nota brasileira, que não foi especificada no sumário do Visual Capitalist, reflete essa deterioração, colocando o país ao lado de nações como Índia e Hungria, também consideradas democracias falhas.

Um futuro incerto
O declínio democrático não é apenas uma estatística: ele tem implicações reais. No mundo, a ascensão de líderes autoritários tem sido acompanhada por repressão a dissidentes, controle da mídia e redução de direitos civis. No Brasil, o impacto é sentido na polarização social e na dificuldade de diálogo entre diferentes setores da sociedade.

Enquanto 39,2% da população mundial vive sob governos autoritários, o desafio para países como o Brasil é reverter a tendência. A democracia não é um estado permanente; ela exige vigilância constante. Sem reformas que fortaleçam as instituições e restaurem a confiança pública, o Brasil corre o risco de deslizar ainda mais no índice – ou, pior, aproximar-se do limiar de um regime híbrido.

O Índice de Democracia de 2024 serve como um alerta: o mundo está menos livre, e o Brasil, outrora exemplo na região, agora luta para preservar os pilares de sua democracia. Resta saber se o país conseguirá reacender o compromisso com os valores democráticos ou se seguirá o caminho de nações que sucumbiram ao autoritarismo.

Fonte: Visual Capitalist, com base no Índice de Democracia 2024 da Economist Intelligence Unit.

Fonte: Diário do Brasil

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DEMOCRACIA EM QUEDA: MUNDO REGREDINDO E BRASIL DEIXA DE SER DEMOCRACIA PLENA, APONTA ESTUDO