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Quando a imprensa noticia que a Universidade de São Paulo (USP) “calculou” o número de participantes em uma manifestação recente de cunho político, a afirmação vem acompanhada de um peso institucional que pode impressionar o leitor desavisado. Afinal, a USP é uma das mais prestigiadas universidades do país, sinônimo de excelência acadêmica. No entanto, um olhar mais atento revela que o levantamento em questão não carrega o rigor técnico que o nome da instituição poderia sugerir.

O número divulgado tem origem no grupo “Monitor do Debate Político no Meio Digital”, vinculado à Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), uma unidade da USP localizada na zona leste de São Paulo. Apesar do nome pomposo, o Monitor não é um departamento de estatística, matemática, engenharia ou tecnologia da informação — áreas que, por sua natureza, poderiam oferecer metodologias robustas para estimar multidões. Trata-se, na verdade, de um grupo de pesquisa focado em análise de discurso político nas redes sociais, muitas vezes associado a posicionamentos críticos a movimentos de direita. Não há, em princípio, problema em um grupo acadêmico ter uma linha ideológica definida. O que preocupa é a falta de transparência sobre suas limitações técnicas e a maneira como seus dados são apresentados como “oficiais” pela imprensa.

Por Júnior Melo

Fonte:Diário Do Brasil

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Sob suspeita: Grupo da USP que fez cálculo da manifestação pró-anistia é ligado a área de Humanas