
O setor de combustíveis no Brasil enfrenta uma grave crise com a infiltração do crime organizado, que já domina pelo menos 941 postos de gasolina em 22 estados, segundo dados obtidos pelo R7. São Paulo é o epicentro dessa atividade ilícita, com 290 postos sob influência ou comando de facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho e milícias. A alta circulação de dinheiro em espécie e a complexidade do sistema tributário tornam os postos alvos estratégicos para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, gerando prejuízos estimados em R$ 23 bilhões anuais aos cofres públicos, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Goiás aparece como o segundo estado mais afetado, com 163 postos sob suspeita, seguido pelo Rio de Janeiro (146) e Bahia (103). A presença de organizações criminosas não se limita à venda de combustíveis, alcançando elos da cadeia produtiva, como distribuidoras e até usinas de etanol. Em São Paulo, investigações como a Operação Rei do Crime, da Polícia Federal, revelaram esquemas sofisticados de lavagem de dinheiro do PCC, que movimentaram R$ 30 bilhões em quatro anos. A precariedade na fiscalização e o uso de laranjas para mascarar operações ilícitas dificultam o combate, enquanto redes legítimas enfrentam concorrência desleal devido aos preços abaixo do mercado praticados por postos controlados pelo crime.
Autoridades e o setor privado buscam respostas para conter o avanço das facções. O Instituto Combustível Legal (ICL) defende a aprovação de projetos de lei, como o PL 164/2022 e o PLP 125/2022, que visam punir devedores contumazes e coibir fraudes fiscais. Enquanto isso, o Ministério da Justiça, sob Ricardo Lewandowski, anunciou a criação de um inquérito da Polícia Federal para investigar a formação de cartéis e a infiltração criminosa, com foco em fortalecer a fiscalização. No entanto, a lentidão nas respostas institucionais e a falta de investigações em estados como Rio Grande do Norte agravam o cenário, comprometendo a segurança econômica e a concorrência justa no mercado de combustíveis.
Fonte: Diário Do Brasil