Remédio – Créditos: depositphotos.com / HayDmitriy

Uma pesquisa recente publicada na revista Neurology trouxe à tona preocupações significativas sobre o uso prolongado de medicamentos populares para problemas estomacais. Os Inibidores de Bomba de Prótons (IBP), como omeprazol e pantoprazol, foram associados a um aumento no risco de desenvolvimento de demência. Este estudo acompanhou milhares de pacientes ao longo de vários anos, revelando uma correlação alarmante entre o uso contínuo desses medicamentos e doenças degenerativas cerebrais.

Os IBPs são amplamente utilizados no tratamento de condições digestivas, como refluxo e gastrite. No entanto, a pesquisa sugere que seu uso prolongado pode ter consequências adversas significativas para a saúde cerebral. Este achado adiciona uma nova camada de preocupação sobre os efeitos colaterais desses medicamentos, que já eram associados a outros problemas de saúde.

Quais medicamentos estão em alerta?

No Brasil, os Inibidores de Bomba de Prótons são vendidos sob nomes comerciais como omeprazol, pantoprazol e esomeprazol. Esses medicamentos funcionam reduzindo a produção de ácido estomacal, sendo indicados para uma variedade de condições digestivas, desde refluxo até úlceras. Apesar de sua eficácia, o uso prolongado desses medicamentos pode trazer riscos significativos à saúde.

De acordo com a Universidade Federal da Paraíba, o mecanismo de ação dos IBPs pode resultar em efeitos colaterais quando usados por longos períodos. A pesquisa destaca a necessidade de uma avaliação cuidadosa do uso contínuo desses medicamentos, especialmente em pacientes que os utilizam por anos.

Veja a lista:

  • Inibidores de Bomba de Prótons (IBP): Medicamentos como omeprazol, pantoprazol, esomeprazol, lansoprazol, rabeprazol e dexlansoprazol, amplamente usados para tratar refluxo, gastrite e úlceras. A pesquisa sugere que o uso prolongado desses medicamentos (por 4,4 anos ou mais) pode aumentar em 33% o risco de desenvolver demência. É importante ressaltar que a pesquisa encontrou uma associação e não uma causalidade direta, e mais estudos são necessários para entender a razão dessa correlação.
  • Benzodiazepínicos: São os famosos “medicamentos de tarja preta”, como diazepam, clonazepam e bromazepam. A literatura científica aponta que o uso crônico desses medicamentos pode aumentar em até 30% o risco de desenvolver a Doença de Alzheimer.
  • Medicamentos anticolinérgicos: Essa classe de medicamentos atua bloqueando a acetilcolina, um neurotransmissor importante para a memória e aprendizado. Alguns exemplos de medicamentos anticolinérgicos comuns que já foram associados a um risco maior de demência em estudos incluem:
    • Anti-histamínicos: Difenidramina (presente em medicamentos como Benadryl, Advil PM, Tylenol PM), clorfeniramina, doxilamina.
    • Antidepressivos tricíclicos: Doxepina, nortriptilina, amitriptilina.
    • Medicamentos para síndrome do intestino irritável: Hiosciamina, diciclomina.
    • Medicamentos para bexiga hiperativa: Darifenacina ER, oxibutinina, tolterodina, tróspium, solifenacina, fesoterodina.

Como foi realizado o estudo?

A pesquisa que revelou essa associação preocupante foi conduzida com 5,7 mil pacientes ao longo de quatro anos e meio. Os resultados indicaram que o uso contínuo de IBPs por quatro anos aumentou em 33% o risco de desenvolver demência. Kamakshi Lakshminarayan, professora da Universidade de Minnesota, destacou a necessidade de mais estudos para confirmar esses achados e entender melhor as razões por trás dessa correlação.

É importante notar que o estudo não encontrou um risco aumentado para aqueles que usaram os medicamentos por períodos mais curtos. Isso sugere que a duração do uso pode ser um fator crítico na determinação do risco associado a esses medicamentos.

Como proceder caso use esses medicamentos?

Especialistas alertam que os pacientes não devem interromper abruptamente o uso de IBPs sem orientação médica. A professora Lakshminarayan enfatiza que existem várias alternativas para o tratamento do ácido estomacal, mas cada caso deve ser avaliado individualmente. Alternativas incluem o uso de antiácidos, mudanças na dieta e ajustes nos horários das refeições.

O mais importante é que os pacientes conversem com seus médicos para encontrar a melhor opção de tratamento para suas necessidades específicas. A avaliação médica é essencial para garantir que o tratamento seja seguro e eficaz, minimizando riscos potenciais à saúde.

O estudo destacou a necessidade de mais pesquisas para explorar a relação entre o uso prolongado de IBPs e o risco de demência. Compreender os mecanismos subjacentes a essa associação pode ajudar a desenvolver estratégias para mitigar os riscos e orientar o uso seguro desses medicamentos no futuro.

Enquanto isso, é crucial que pacientes e profissionais de saúde estejam cientes dos potenciais riscos associados ao uso prolongado de IBPs e considerem alternativas quando apropriado. A comunicação aberta entre pacientes e médicos é fundamental para garantir que o tratamento seja adaptado às necessidades individuais, promovendo a saúde e o bem-estar a longo prazo.

Fonte: Diário Do Brasil

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Estudo acende sinal vermelho: remédios populares no Brasil podem estar ligados à demência