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 Por Júnior Melo – jornalista

As recentes sanções dos Estados Unidos contra produtos brasileiros, impondo tarifas de até 50%, escancaram uma crise diplomática que há tempos vinha sendo gestada — e que agora eclode sob o comando de lideranças que têm mais afinidades com conflitos do que com acordos. O pano de fundo dessa guerra comercial é, em essência, político e ideológico. De um lado, Donald Trump, que voltou à Casa Branca com uma retórica dura contra seus opositores e, agora, contra governos que considera hostis. Do outro, Lula, que assumiu o Planalto já mirando a construção de um antagonismo com os EUA trumpistas, em clara tentativa de reeditar um discurso anti-imperialista que agrada à sua base mais à esquerda.

Lula, no entanto, parece esquecer que o Brasil de 2025 não é o Canadá da era Trudeau, onde a esquerda usou a narrativa antiamericana para galvanizar apoio popular. Aqui, o cenário é muito mais dividido. Metade da população ainda demonstra profundo ressentimento pelas ações do governo e do Supremo Tribunal Federal contra o espectro político derrotado nas eleições. A oposição, que nunca se desmobilizou, enxerga nesse conflito com os EUA uma oportunidade de ouro: a inviabilidade de Lula no plano internacional, o isolamento econômico e o desgaste político às vésperas de um novo ciclo eleitoral.

Enquanto isso, Trump não recua. Ao contrário: suas declarações públicas são duríssimas e têm tom de retaliação política explícita, mencionando até perseguição contra seu aliado Jair Bolsonaro. Caso Lula siga adiante com as ameaças de retaliação tarifária, poderá desencadear uma escalada perigosa — semelhante à guerra comercial travada por Trump contra a China meses atrás. Mas ao contrário da China, o Brasil não tem o mesmo peso econômico. Se o comércio com os EUA desmoronar, setores como o do etanol e da laranja sentirão primeiro e mais forte. Para os EUA, que têm no Brasil pouco mais de 1% de seu comércio exterior, o estrago será insignificante. Já para o Brasil, será um desastre.

O país caminha para o pior dos mundos: conflito externo, desgaste interno e economia em risco. E tudo isso por um jogo de poder que tenta transformar a política externa em palco de revanche ideológica. É uma aposta perigosa — e quem pagará a conta será, como sempre, o povo brasileiro.

Fonte Diário Brasil

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Erro grotesco de Lula em um plano desastroso: brigar com os EUA e tentar fazer com que a população vire antiamericana