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A esquerda europeia enfrenta um colapso histórico.

A social-democracia caiu a 33,8%, o menor índice desde a Guerra Fria. O fenômeno reflete o cansaço com governos progressistas e uma ruptura cultural entre elites urbanas e classes populares.

No Reino Unido, o Partido Trabalhista de Keir Starmer, vitorioso em 2024, perdeu força em menos de um ano. Em setembro de 2025, o Reform UK, de Nigel Farage, atingiu 31,2% das intenções de voto, contra 20,4% do Labour.

O discurso centrado em pautas identitárias e alarmismo ambiental perdeu apelo fora das metrópoles. Segundo o geógrafo francês Christophe Guilluy, essa rejeição representa “a grande secessão” entre o mundo de cima e o continente real.

Na Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz deixou o poder após a pior derrota do SPD em mais de um século. O conservador Friedrich Merz, da União Democrata-Cristã, assumiu como chanceler.

A Alternativa para a Alemanha, partido de direita populista, dobrou sua votação e virou principal força de oposição.

Na França, Emmanuel Macron enfrenta sucessivas crises e renúncias de primeiros-ministros. O Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, lidera as pesquisas com cerca de 34% das intenções de voto.

Em Portugal, os socialistas foram derrotados após oito anos de governo.

Na Espanha, Pedro Sánchez tenta conter o desgaste com ataques verbais a Israel e alianças frágeis com separatistas. O Partido Popular aparece à frente nas sondagens com 34%, seguido pelo Vox, com 16%.

Em Bruxelas, o Partido Popular Europeu, coalizão de legendas democrata-cristãs, liberais e conservadoras, controla a maioria dos governos e o Parlamento Europeu.

Analistas apontam o elitismo da esquerda e o radicalismo cultural como fatores centrais dessa derrocada.

O cientista político Mark Lilla descreve em A Mente Imprudente a transformação de intelectuais progressistas em ativistas movidos por causas “absolutas”.

Andrew Doyle, em The New Puritans, chama as causas woke de “nova religião secular”, em que a ortodoxia autoritária e intolerante substitui o debate racional. Para o eleitor comum, a esquerda virou um clube moralista distante de seus problemas reais.

A demonização de qualquer divergência agravou o distanciamento.

Políticos liberais moderados, que há vinte anos seriam vistos como centristas, hoje são rotulados de “extrema-direita”.

O eleitorado percebeu o exagero e reagiu. A retórica moralista perdeu eficácia diante das preocupações com segurança, emprego e identidade nacional.

Christophe Guilluy define essa reação como “soft power das classes populares”.

É a revanche de quem se sentiu excluído pelo globalismo.

Essa resposta se manifesta nas urnas e no fortalecimento de partidos conservadores. O populismo, longe de ser uma anomalia, tornou-se o novo idioma político da classe trabalhadora européia.

Com Donald Trump de volta à Casa Branca e governos conservadores dominando o Conselho Europeu, a tendência se intensifica.

A esquerda perdeu o vínculo com sua base popular e o “monopólio moral” da política, construído após décadas de aparelhamento das instituições democráticas e da imprensa tradicional.

Fonte: O antagonista

Fonte: Diário Do Brasil

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O fim da esquerda na Europa?