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Brasília – 12 de outubro de 2025
Por Redação Diário do Brasil Notícias
Nos bastidores políticos e acadêmicos, cresce o debate sobre o chamado “viés de coleta” em pesquisas de opinião — um fenômeno que, segundo analistas, pode estar sendo usado para beneficiar artificialmente a imagem do governo Lula nas sondagens divulgadas por grandes institutos nacionais.
O viés de coleta ocorre quando a metodologia da pesquisa — seja pela escolha dos entrevistados, da região, do método de contato ou até do momento em que os dados são colhidos — favorece determinado perfil de eleitor. O resultado é uma fotografia distorcida do cenário político, que pode influenciar a opinião pública e até moldar narrativas na imprensa.
Especialistas em estatística eleitoral alertam que a seleção das áreas pesquisadas pode ser decisiva. Quando há concentração de entrevistas em regiões urbanas, capitais ou estados onde o governo tem maior aceitação, a média nacional tende a mostrar números mais favoráveis. “Se uma pesquisa ouve majoritariamente o eleitorado do Nordeste e pouco do Centro-Oeste ou do Sul, o resultado naturalmente vai pender para o atual governo”, explica um cientista político ouvido pela reportagem.
Outro ponto sensível é o método de coleta. Pesquisas feitas por telefone ou pela internet, por exemplo, alcançam perfis distintos de eleitores — e podem, de forma sutil, excluir camadas da população com menor acesso a tecnologia ou que não costumam responder a pesquisas. Segundo observadores, isso pode criar um “efeito bolha”: o retrato estatístico passa a refletir mais o público simpático ao governo do que a totalidade dos eleitores.
Há ainda a questão do timing. Diversas pesquisas recentes foram divulgadas logo após anúncios de programas sociais e reajustes do salário mínimo, períodos em que a percepção popular sobre o governo tende a melhorar. Ao capturar esse momento de alta, o levantamento cria a sensação de crescimento sustentado — mesmo que passageiro.
A crítica mais dura, porém, vem de analistas independentes que apontam que alguns institutos têm se tornado atores políticos, atuando não apenas como medidores, mas como formadores de opinião. “Quando uma pesquisa é divulgada com números que destoam de levantamentos de campo independentes, o objetivo pode ser induzir o eleitor a acreditar que há uma tendência consolidada, o que afeta diretamente o voto útil e a confiança no processo democrático”, afirmou um pesquisador da área de comportamento eleitoral.
Enquanto o governo nega qualquer influência nas pesquisas, o fato é que as discrepâncias entre institutos — algumas superiores a dez pontos percentuais — têm gerado desconfiança na população e entre lideranças políticas. O debate sobre a transparência dos métodos de coleta e ponderação de dados volta, portanto, ao centro da discussão pública.
Em um cenário político tão polarizado, a forma como se mede a opinião do povo pode ser tão determinante quanto a própria opinião. E quando a régua é torta, o retrato do país também se deforma.
Fonte: Diário Do Brasil