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O ativista palestino Ahmed Al-Khalidi publicou nesta terça, 14, na rede X, uma reflexão sobre o apoio de ocidentais ao que entendem ser a “questão palestina”. A postagem viralizou, com mais de 8 mil curtidas e 2 mil repostagens em menos de 24 horas.
“Estou profundamente perplexo com um certo fenômeno ocidental”, escreveu. Ele se referia a “ativistas do clima, defensores de direitos humanos e autoproclamados progressistas” que, segundo ele, “ecoam narrativas do Hamas”.
Al-Khalidi, que se define como “pragmático”, critica o grupo terrorista islâmico que controla Gaza desde 2007 e é classificado como organização terrorista por países como Estados Unidos, União Europeia e Brasil.
Ele ganhou notoriedade nas redes ao defender a paz com Israel e pedir a rendição do Hamas para poupar vidas palestinas.
O autor da postagem afirmou que muitos militantes ocidentais precisam de uma narrativa simples de “bem contra o mal”. Nesse mapa moral, diz, os palestinos são vistos automaticamente como vítimas e o Hamas como resistência, o que apaga o caráter autoritário do grupo e cria uma “clareza moral, mesmo que falsa”.
Al-Khalidi descreve esse comportamento como uma forma de fuga da complexidade.
“Eles não precisam de fatos, precisam de conforto moral”, afirma.
A simplificação, segundo ele, oferece alívio emocional para quem não vive o conflito, mas impede a empatia real com quem sofre sob o domínio do Hamas.
O ativista também atribui esse alinhamento à culpa histórica do Ocidente.
Ele argumenta que, após séculos de colonialismo, racismo e destruição ambiental, apoiar causas “anti-imperialistas” funciona como “ritual de limpeza psicológica”. “Eles não estão nos ajudando; estão lavando a própria consciência”, escreve.
Outra força, diz ele, é a atração pela intensidade emocional.
“O Hamas instrumentaliza dor, raiva e sacrifício”, afirma.
Para jovens ocidentais criados em segurança, essa intensidade parece autêntica. “Eles anseiam por luta moral como outros anseiam por aventura. Confundem destruição com profundidade.”
Al-Khalidi chama isso de “narcisismo moral”: mais importante do que agir com compaixão seria parecer compassivo. “Choram por Gaza on-line, mas nunca perguntam como o Hamas trata os palestinos dentro de Gaza”, observa.
Ele acrescenta que, para preservar esse senso de pureza moral, é preciso ignorar fatos inconvenientes como execuções de dissidentes, repressão a mulheres e o desvio de ajuda humanitária: “Não conseguem sustentar duas verdades: que os palestinos sofrem e que o Hamas é seu principal algoz.”
O ativista ainda compara o fervor de certas causas ambientais à retórica do Hamas.
Ambas, segundo ele, exploram a urgência emocional: “Aja agora ou morreremos”, de um lado; “Resista ou será apagado”, do outro. “Uma luta para preservar a vida, a outra para glorificar a morte”, resume.
“Não vejo solidariedade, vejo confusão psicológica fantasiada de moralidade”, escreve Al-Khalidi ao comentar protestos ocidentais que exibem bandeiras do Hamas.
Para ele, muitos militantes “projetam fantasias de rebelião sobre nossa tragédia” e acabam “servindo às forças que nos oprimem”.
A publicação, que se espalhou rapidamente entre perfis pró-Israel, também provocou forte reação de ativistas pró-Palestina, que acusam o palestino de “traição”.
Al-Khalidi encerra dizendo que a verdadeira solidariedade viria de quem “rejeita o Hamas, rejeita o culto da morte e sonha com um futuro construído, não queimado”.
Fonte: O antagonista
Fonte: Diário Do Brasil