
Antonio Augusto/Secom/TSE
Nos bastidores políticos de Brasília, cresce a percepção de que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, será usado como uma espécie de “boi de piranha” pelo governo Lula e por setores da esquerda para medir a temperatura do Senado antes de uma nova e polêmica indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo fontes ouvidas, o Palácio do Planalto teme que a base governista não tenha votos suficientes para aprovar o nome do atual advogado-geral da União, Jorge Messias, principal desejo de Lula para a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso.
A resistência a Messias, entretanto, parte de dentro da própria cúpula do Congresso. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tem sinalizado que prefere indicar seu aliado político e amigo pessoal Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a próxima vaga da Corte. Nos corredores do Parlamento, comenta-se que Alcolumbre controla boa parte dos votos decisivos e que um eventual veto indireto de sua parte seria suficiente para travar a nomeação de Messias.
Nesse contexto, a recondução de Paulo Gonet à Procuradoria-Geral da República se tornou o “teste de fidelidade” da base aliada. Se Gonet for aprovado com folga, o Planalto entenderá que há terreno seguro para avançar com uma indicação mais política, como a de Jorge Messias. Mas se o nome do procurador enfrentar resistência ou for rejeitado, Lula deverá recuar e buscar um perfil mais palatável ao Senado, evitando um novo desgaste institucional.
Entre aliados de Lula, há quem admita que Gonet foi escolhido justamente por representar uma figura de consenso moderado, que agrada ao meio jurídico e não desperta rejeição ideológica forte. Ainda assim, parlamentares mais críticos avaliam que o governo subestima a tensão entre o Executivo e o Legislativo, especialmente após o episódio da rejeição inédita do defensor público-geral da União, um revés histórico para o Planalto.
“Se Gonet cair, Messias não sobe”, resumiu um senador sob reserva.
O resultado da sabatina e da votação de recondução de Gonet, prevista para as próximas semanas, pode definir o rumo da próxima grande batalha institucional entre Lula e o Senado — e mostrar até onde vai a lealdade dos aliados de Alcolumbre em um Congresso cada vez mais fragmentado e imprevisível.
Por Júnior Melo
Fonte: Diário Do Brasil

 
 
																 
																