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O Banco Central (BC) anunciou hoje o fim do projeto do real digital, o Drex, em reunião com representantes dos consórcios que integravam a iniciativa. Segundo fontes ouvidas pelo Valor Investe, a área técnica do BC informou que o plano prevê o desligamento da plataforma na próxima semana.
“Realmente, trata-se do fim do Drex”, afirmou a fonte. “O movimento, no entanto, não deve ser interpretado como um fracasso”, ressaltou, pontuando que o projeto evidenciou os benefícios que a tecnologia blockchain pode proporcionar. “O entendimento do Banco Central é que não é viável manter uma infraestrutura estatal para viabilizar esses negócios.”
Em agosto, o coordenador do Drex, Fábio Araújo, afirmou, em entrevista ao Valor, que o BC deixaria de lado o uso da tecnologia blockchain, já que não foi possível garantir a privacidade das transações entre instituições financeiras. O BC não emitiu comunicado oficial até hoje.
À época, especialistas avaliavam que produtos financeiros tokenizados, como recebíveis de cartão e empréstimo com garantia de títulos públicos e de CDBs, poderiam ganhar uma versão ‘simplificada’, com liquidação fora do ambiente digital.
Todas essas operações dependem fundamentalmente de privacidade de dados e sigilo bancário, o que não está contemplado em tecnologias blockchain, que são essencialmente públicas. Já no início do ano passado, o BC sinalizava que a questão da privacidade de dados não estava sendo resolvida.
Uma das fontes afirmou que, entre os próximos passos, está o levantamento dos benefícios identificados pelos participantes nos casos de uso e a busca por modelos de negócio que possam viabilizá-los. Em seguida, deve começar a discussão sobre como entregar essas soluções do ponto de vista tecnológico.
“A partir de agora, a inovação deve continuar, liderada pelo mercado, mas com um regulador mais letrado e engajado no tema”, afirmou a fonte. “O principal desafio será a fragmentação das soluções, justamente um dos fatores que motivaram a criação do Drex”, como uma plataforma tecnológica agregadora. “Com o tempo e a maturidade do ecossistema, no entanto, a tendência é que o próprio mercado se ajuste.”
Em nota, André Carneiro, presidente da BBChain, integrante de um dos consórcios, disse que “novos modelos de negócios, com escopo mais direcionado pelo mercado, podem ter requisitos atendidos sem as eventuais restrições regulatórias do piloto DREX, liberando o potencial das tecnologias DLT/Blockchain, cabendo ao mercado um maior papel nesta evolução.”
Segundo apuração do Valor, uma “fase 3” deve ser iniciada no começo de 2026, com a continuação dos estudos sobre casos de negócio para o Drex com uma tecnologia de arquitetura considerada “agnóstica”.
Para o futuro, parte da meta do Drex é garantir um ambiente interoperável para ativos tokenizados e que a moeda de liquidação das transações seja uma moeda do Banco Central. Uma das ideias é que tokenização de ativos facilite o uso desses ativos como garantia de crédito, por exemplo.
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Com informações de VALOR ONE
Fonte: Diário Do Brasil
