
Foto: Reprodução/ Redes sociais
Uma gravação obtida por Oeste mostra a jornalista Letícia Sallorenzo, conhecida como “Bruxa”, mencionando o envio de mensagens de um grupo de empresários a peritos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No áudio, Letícia diz que “esse é aquele grupo que os empresários estão debandando” e sugere uma perícia no material. “Quero conversar se não é possível de pegar o celular desses meus contatos e passar para vocês periciarem, que aí vocês fazem a festa”, afirmou.
O grupo em questão se trata do “Empresários & Política”, criado em um aplicativo de mensagens e investigado pelo Supremo Tribunal Federal em 2022 por decisão do ministro Alexandre de Moraes, então presidente do TSE. A investigação apurava mensagens em que empresários manifestavam apoio à reeleição de Jair Bolsonaro e criticavam as instituições. Parte das conversas havia sido divulgada pelo portal Metrópoles e motivou operações de busca e apreensão realizadas pela Polícia Federal.
Letícia é figura central nas reportagens da série Vaza Toga, publicadas com exclusividade pelo jornalista David Ágape. Segundo a apuração apresentada na série, ela teria “repassado clandestinamente” dados privados de empresários ligados a Bolsonaro ao TSE.
Nos textos, ela é identificada como a “Bruxa” mencionada em mensagens de integrantes da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação. A série traz transcrições de conversas atribuídas ao então chefe do setor, Eduardo Tagliaferro, e ao juiz instrutor Airton Vieira, nas quais a jornalista é citada como colaboradora externa que repassava informações ao tribunal.
A função aparece também em seu currículo Lattes, onde Letícia menciona um vínculo institucional informal com o TSE. Ela se descreve como “colaboradora informal” do tribunal desde 2022, com carga horária de 20 horas semanais. O órgão, contudo, afirmou não reconhecer esse tipo de relação.
O que a Vaza Toga revela sobre a ‘Bruxa do TSE’
A quarta parte da série Vaza Toga reproduz supostas mensagens entre Letícia e Tagliaferro. Segundo o texto, o perito não apenas recebia o material enviado pela jornalista, “mas orientava o fluxo de informações de acordo com os interesses imediatos do gabinete”. O texto afirma ainda que “a colaboradora informal, com trânsito até no círculo familiar de Moraes, alimentava diretamente o gabinete do TSE com informações privadas de um grupo fechado”.
Outra reportagem da mesma série menciona que uma tese acadêmica de Letícia sobre o conceito de “firehosing” teria sido citada em relatório da Polícia Federal. O texto diz que a jornalista “foi responsável por enviar dossiês de críticos de Alexandre de Moraes e pressionar assessores do ministro para que contas desses indivíduos fossem removidas das redes sociais”.
A publicação acrescenta que o relatório da PF utilizou o conceito descrito pela jornalista para caracterizar “a técnica de desinformação caracterizada pela disseminação massiva de informações falsas ou enganosas para confundir e manipular o público”.

Letícia denuncia jornalistas ao STF
Em outubro, Letícia apresentou ao Supremo Tribunal Federal uma petição pela inclusão de Ágape, do jornalista Eli Vieira e de Tagliaferro no inquérito sobre as “milícias digitais”. Ela alegou que os três teriam cometido crimes como difamação, injúria e perseguição. O caso foi designado a Moraes.
Ágape e Vieira responderam publicamente. Em artigo, afirmaram que a petição “não apresenta provas concretas que sustentem acusações criminais deste porte” e classificaram a medida como tentativa de “criminalizar a atividade jornalística”.
Até o momento desta reportagem, Letícia não comentou o conteúdo do áudio nem as citações feitas em reportagens anteriores. O TSE também não se pronunciou novamente sobre o tema.
Fonte: Revista Oeste
Fonte: Diário Do Brasil
