
Por Jeffrey A.
Tucker, Autor do
The Epoch Times
Na semana passada, gerei com IA um estudo falso que “provava” que comer waffles aumenta a calvície. O texto vinha repleto de notas de rodapé, citações e modelos matemáticos, e era assustador ver como parecia convincente.
Era preciso atenção para notar as falhas. Compartilhei com outras pessoas, que responderam prontamente: “Acredito nisso.” Não coma waffles; a “ciência” diz! Pela primeira vez, conseguimos produzir conteúdo com aparência científica sobre qualquer assunto em segundos — um poder novo, desconhecido para muitos, e facilmente explorável por agentes mal-intencionados.
A crise não é teórica. Na semana passada, mais um artigo foi retratado, desta vez no prestigiado The Lancet. O estudo, totalmente revisado por pares, fazia parte do ensaio TOGETHER, financiado por FTX, empresas com forte presença farmacêutica e think tanks ligados à indústria. Se estivesse correto, a vacinação seria a única escolha lógica.

Os autores publicaram vários artigos; apenas um caiu, mas outros devem seguir. Outro periódico de elite envolvido é o New England Journal of Medicine, orgulhoso de sua baixa taxa de retratações.
O estudo TOGETHER influenciou decisões críticas. Em 2021, serviu como justificativa para retirar hidroxicloroquina e ivermectina das prateleiras, mesmo com receita médica. Lembro de ir à farmácia com minha prescrição e receber uma recusa silenciosa.
Acabei conseguindo o remédio por entrega expressa e melhorei em poucas horas. Milhões fizeram o mesmo, porque era a única forma de obter tratamento. Por que as farmácias se negaram? Porque acreditaram na “ciência”. Esse é o risco da ciência falsa: ela gera consequências reais.
O TOGETHER ainda tinha aparência de plausibilidade. Já o estudo SURGISPHERE, lançado em 2020, foi totalmente inventado. E, de forma justa, falsificações ocorreram nos dois lados do debate. Foram centenas de milhares de artigos publicados na pandemia, e hoje retratações surgem na mesma velocidade das antigas aprovações.
Não é um problema de relações públicas; é uma crise da credibilidade científica. Quando a ciência dita até como celebrar o Dia de Ação de Graças ou cantar na igreja, arrisca os próprios fundamentos da revolução científica. E a IA multiplica o problema exponencialmente.
Tive outra experiência recente. Em um evento, dois britânicos bem articulados entrevistavam pessoas criticando carne artificial — causa com a qual simpatizo. Mas, antes de ligar a câmera, apresentavam um suposto estudo afirmando que carne artificial causa autismo, e pediam que o entrevistado endossasse a pesquisa em vídeo.
Eles me filmaram criticando a carne — até aí tudo bem — mas quando pediram validação do estudo, percebi algo errado e recusei. Depois entendi: tinham criado o estudo com IA para testar se defensores da liberdade sanitária endossariam qualquer coisa que confirmasse seus vieses.
O objetivo, provavelmente, era produzir um documentário para desacreditar todo o movimento — e o governo Trump junto. O plano não deu certo, mas reforçou minha percepção sobre o caos atual.
Mais de 500 artigos foram retratados, e muitos outros ainda são vulneráveis. A sensação crescente é de niilismo científico. Trolls criando estudos falsos para enganar pesquisadores minam ainda mais a confiança.
A revolução científica dos séculos XVI e XVII substituiu a fé por observação e indução, produzindo avanços gigantescos. Mas sempre existiu um problema: trocar a autoridade religiosa pela autoridade dos “especialistas”. No fim, ciência também exige confiança — e, quando o narrador falha, todo o edifício balança.
Hoje, parece que essa confiança está ruindo. O que substituirá esse paradigma? Não sabemos. A geometria euclidiana talvez ofereça uma pista: dedução pura, democrática, verificável por qualquer pessoa. Talvez precisemos retornar a fundamentos assim. Enquanto isso, cuidado com aqueles waffles.
