
Foto: Imagem gerada por IA/ND Mais
Algumas expressões frequentemente usadas em rótulos de embalagens podem confundir até os consumidores mais cuidados com saúde e bem-estar, como os avisos de “zero açúcar” e “sem adição de açúcar”.
Embora pareçam semelhantes, elas representam conceitos distintos e podem influenciar de formas diferentes a glicemia, a quantidade de calorias ingeridas e o impacto metabólico do alimento.
Qual a diferença entre “zero açúcar” e “sem adição de açúcar”?
O médico Drauzio Varella explica que a primeira atitude do consumidor deve ser observar a tabela nutricional. Segundo a Anvisa, o produto zero açúcar precisa conter menos de meio grama de açúcares totais por porção.
“Ou seja, não apresentam quantidades significativas de mel, sacarose, xarope de glicose ou qualquer tipo de açúcar”, explica o médico.
Esses itens incluem refrigerantes, gelatinas, biscoitos, chocolates e outros produtos industrializados. No entanto, como lembra Varella, mesmo sem açúcar adicionado, eles podem conter carboidratos capazes de elevar a glicemia, além de calorias e gorduras em excesso.
Ainda de acordo com o médico, os alimentos “sem adição de açúcar” não recebem açúcar refinado, mel, xaropes ou outros adoçantes durante a fabricação, mas podem apresentar açúcares naturalmente presentes, como frutose, no caso das frutas, e lactose, no leite.
Além disso, para manter o sabor, alguns fabricantes acrescentam adoçantes ou aumentam o teor de gordura, o que mantém o valor calórico elevado.
Ele reforça que é essencial avaliar a composição completa do produto, pois o valor energético, o tamanho da porção e as quantidades de gorduras saturadas, trans e sódio são determinantes para identificar se o alimento realmente faz bem.
Qual dos dois é melhor?
Para Varella, a orientação geral é manter equilíbrio, evitar excessos e dar preferência aos alimentos mais naturais e menos processados.
Um alimento zero açúcar pode ser isento de sacarose, mas apresentar maltodextrina, amido e outros carboidratos complexos que afetam a glicose no sangue. Em alguns casos, esses produtos ainda são ricos em calorias, sódio ou gorduras saturadas.
Ou seja, alimentos como iogurtes, sucos e barras de cereal sem adição de açúcar podem elevar a glicemia da mesma maneira que produtos comuns.
Para pessoas que precisam controlar a glicemia, como diabéticos, saber a diferença é fundamental, já que a frutose e a lactose, mesmo naturais, possuem impacto semelhante ao de açúcares adicionados.
Consumidores que buscam versões zero açúcar precisam olhar além do rótulo, pois muitos desses itens apresentam alto teor de gorduras saturadas, sódio ou adoçantes artificiais que podem prejudicar a saúde metabólica e cardiovascular.
E os adoçantes?
Em relação aos adoçantes, os aprovados por agências reguladoras são seguros dentro dos limites recomendados, mas o uso exagerado pode levar à dependência do sabor doce, causar desconfortos gastrointestinais e interferir na microbiota intestinal.
Para fazer escolhas conscientes, é essencial saber interpretar a tabela nutricional. O tamanho da porção precisa ser observado com atenção, já que porções reduzidas podem subestimar a quantidade real de calorias, carboidratos e açúcares ingeridos.
É importante avaliar os carboidratos totais, que incluem tanto açúcares simples quanto complexos, e que podem influenciar diretamente a glicemia mesmo em produtos rotulados como zero açúcar.
Também é necessário verificar o tipo de adoçante utilizado, distinguindo entre artificiais, como aspartame e sucralose, naturais, como estévia, ou polióis, como xilitol e sorbitol, que possuem efeitos diferentes sobre o metabolismo e a tolerância individual.
Além disso, a quantidade de gorduras merece atenção. Muitos produtos diet e zero compensam a falta de açúcar aumentando o teor de gorduras saturadas ou até gorduras trans, que elevam o risco cardiovascular.
O sódio também tende a ser elevado em versões industrializadas, inclusive nas rotuladas como zero ou diet. Por outro lado, fibras, vitaminas e minerais contribuem para o controle glicêmico e aumentam a sensação de saciedade, sendo componentes desejáveis.
A lista de ingredientes, apresentada em ordem decrescente de quantidade, é outro indicador fundamental. Se açúcares, mel, xaropes ou maltodextrina aparecem entre os primeiros itens, o alimento é rico em carboidratos, ainda que o rótulo destaque alegações como “sem adição de açúcar”. A data de validade também garante que o produto esteja em condições adequadas de consumo.
Como escolher?
Escolher entre “zero açúcar” e “sem adição de açúcar” depende da análise do produto como um todo. Para quem precisa controlar a glicemia, o ideal é observar os carboidratos totais, e não apenas o açúcar.
Para quem busca reduzir calorias, a atenção deve se voltar ao valor energético por porção. Em qualquer caso, alimentos minimamente processados seguem sendo as melhores opções para uma alimentação equilibrada.
Nenhuma das duas opções garante, por si só, que o produto é mais saudável. Somente a leitura detalhada da composição vai permitir decisões conscientes e alinhadas ao bem-estar.
O melhor produto vai depender do objetivo:
- Controle glicêmico: avaliar carboidratos totais é mais importante que a expressão “zero açúcar”.
- Redução de calorias: comparar valor energético por porção é fundamental.
- Rotina equilibrada: priorizar alimentos in natura e consumir ultraprocessados apenas com moderação.
Com informações de NDMAIS
Fonte: Diário Do Brasil
