A Universidade de Brasília (UnB) começou testes sobre a eficácia de vacina contra a covid-19, chamada CoronaVac. No primeiro dia, participaram do estudo cinco profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à doença.

Desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, a vacina é aplicada em duas doses, com intervalo de 14 dias entre elas. O estudo clínico no Brasil é coordenado pelo Instituto Butantã.

Na capital federal, os testes são feitos em ambulatório do Hospital Universitário de Brasília, que é um dos 12 centros no Brasil que participam da fase 3 do ensaio clínico.

A médica Larissa Bragança, 33, atua na UTI para covid-19 do hospital da UnB e foi uma das voluntárias que recebeu a dose no primeiro dia de testes na capital federal.

“Na linha de frente vejo como a doença é difícil de lidar. Me surpreendeu a gravidade”, disse ela. “É muito urgente conseguir essa vacina. O nosso País não está cumprindo isolamento como deveria. A situação pode sair ainda mais do controle com retomada do comércio e das aulas.”

Nesta etapa de estudos, é verificada a segurança e eficácia da droga. Os resultados apresentados na fase 2 de desenvolvimento foram considerados promissores pelos pesquisadores, que apontam a produção de anticorpos neutralizantes em 90% dos participantes que receberam a imunização.

Em Brasília, a ideia é incluir no protocolo de pesquisa 850 voluntários. Parte do grupo não recebe um placebo, para comparar efeitos com quem é imunizado. No processo para receber a imunização, o voluntário passa por uma triagem, avaliação de sinais vitais, consulta médica, teste rápido (que encontra anticorpos para a doença), coleta de amostra para exame RT-PCR (que busca o RNA do vírus). Após a aplicação, há um tempo de observação, que leva cerca de 1 hora.

“O estudo vai mostrar para muita gente de que a pesquisa precisa é de financiamento e apoio. Os profissionais de saúde estão cansados, adoecendo. O mínimo que a gente precisa é de apoio do governo e da sociedade”, disse Bragança, voluntária nos testes.

O grupo responsável pela pesquisa abrirá um canal para cadastro de voluntários que desejam receber a vacina. Os candidatos devem trabalhar em serviço de saúde atendendo pessoas com covid-19 e não ter contraído a doença, mesmo assintomática.

Cerca de nove mil voluntários, somente profissionais de saúde, vão receber as doses em 12 centros de pesquisa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há 164 vacinas em desenvolvimento, entre elas a Coronavac: 25 estão em fase clínica e 139 em pré-clínica.

Bragança conta que a UTI para covid-19 na UnB tem taxa de mortalidade de 40%. “Marca perceber que os últimos dias de muitos pacientes vão ser com profissionais de saúde. Por não poder deixar a família entrar”, afirma. Para a médica, a vacina ajudará o País a “virar a página”. “Estou muito confiante.”

Compartilhar matéria no
Brasília inicia testes com vacina chinesa para a covid-19
A Lebanese man walks on a bridge overlooking the destroyed silo in the Beirut port on August 5, 2020 in the aftermath of a massive explosion in the Lebanese capital. Rescuers searched for survivors in Beirut after a cataclysmic explosion at the port sowed devastation across entire neighbourhoods, killing more than 100 people, wounding thousands and plunging Lebanon deeper into crisis. The blast, which appeared to have been caused by a fire igniting 2,750 tonnes of ammonium nitrate left unsecured in a warehouse, was felt as far away as Cyprus, some 150 miles (240 kilometres) to the northwest. / AFP / JOSEPH EID