Uma pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) constatou que a produtividade da cana-de-açúcar pode aumentar significativamente com a redução do espaçamento entrelinhas no plantio. A conclusão teve como base uma ampla revisão de estudos para reunir dados experimentais e identificar o espaçamento mais adequado em diversos climas e regimes hídricos (irrigados ou sequeiro).
O estudo foi desenvolvido por Leticia Gasparotto, orientada por Fábio Marin, professor do Departamento de Engenharia de Biossistemas e pesquisador responsável pelo projeto Atlas de eficiência agrícola do Brasil: quantificando o potencial de intensificação sustentável da agropecuária brasileira.
A pesquisa constatou que o espaçamento entrelinha de 90 centímetros apresentou a maior produtividade para o tratamento irrigado e sequeiro. Os menores valores médios de produtividade estavam entre 150 e 180 centímetros, frequentemente usados nos países de maior produção dependendo da zona climática e do regime hídrico.
“Apesar da maior produtividade nos espaçamentos reduzidos, o uso ainda é limitado principalmente devido à compactação do solo e aos danos às soqueiras de cana-de-açúcar causados pelo uso de maquinários de plantio e colheita usados atualmente”, diz Gasparotto ao Portal da Esalq.
Experimentos
A análise incluiu um total de 28 estudos relevantes, que resultaram em 170 experimentos de campo em nove países. Os dados experimentais de campo foram agrupados com base na similaridade do clima, usando análise de agrupamento hierárquico (ou análise de cluster) para os experimentos de sequeiro e irrigado.
A análise de variância foi usada para avaliar se a variação entre os valores de produtividade da cana-de-açúcar e, posteriormente, o teste de Tukey foi aplicado para comparar as médias de produtividade para cada espaçamento entrelinhas.