Levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) apontou que 375 médicos morreram vítimas de covid-19 desde o início da pandemia no País. A entidade lançou na terça-feira, 27, um memorial virtual para homenagear esses profissionais que morreram após infecção.
Os dados sobre as mortes dos médicos foram obtidos com base em informações repassadas por Conselhos Regionais de Medicina, sindicatos médicos, sociedades de especialidades, secretarias estaduais e municipais de Saúde e casos divulgados pela imprensa No País, há 523.528 registros ativos de médicos, de acordo com a entidade. Segundo o CFM, São Paulo foi o Estado que mais perdeu agentes para a covid-19 – 58 profissionais. Na sequência estão Pará (51) e Rio (50).
“Estar na linha de frente desde o início de uma doença desconhecida e com um contágio altamente complexo. A nossa decisão foi de fazer uma homenagem para aqueles que perdemos e para quem está na linha de frente, para os que estão conseguindo enfrentar essa situação”, diz Helena Carneiro Leão, vice-corregedora do CFM. Segundo ela, o trabalho para levantar os óbitos teve início em maio e os dados foram relatados até a semana passada.
A plataforma tem ainda uma galeria de fotos de médicos na linha de frente e um espaço para que as pessoas mandem mensagens para os profissionais. O portal também tem uma área voltada para os médicos com documentos de referência, podcasts e reportagens sobre a covid-19.
No balanço até 17 de outubro do Ministério da Saúde, foram registradas 69 mortes de médicos. A base do ministério são casos notificados no Sivep-Gripe, que registra casos graves com internação e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)
“Para garantir a proteção desses profissionais – que atuam na linha de frente no combate à doença -, mais de 300 milhões de equipamentos de proteção individual (EPIs) já foram distribuídos São máscaras, aventais, óculos e protetores faciais, toucas, sapatilhas, luvas e álcool”, informou a pasta.
Helena diz que tem ocorrido uma diminuição de casos graves e de óbitos ao longo dos meses, acompanhando a tendência nacional, e isso também está ligado ao esforço dos médicos na luta contra a doença. “Temos de destacar a importância do SUS e a condução da atenção primária. Os médicos de família e comunidade se fizeram presentes para evitar que a população fosse para o hospital em um quadro mais grave.”
Um dos primeiros médicos a morrer de covid-19 em Minas Gerais foi um clínico-geral da cidade de Jequitinhonha, no Vale do Jequitinhonha, a 418 quilômetros de Belo Horizonte. Ramon Pinto Lobo, de 69 anos, tinha uma clínica na cidade, era o médico de um dos postos de saúde do município e fazia plantão uma vez por semana no hospital local. O clínico morreu em Nova Lima, na região metropolitana da capital mineira, em 6 de maio, depois de passar por duas transferências hospitalares.