A cuidadora de idosos Simone Barreto Silva, 44 anos, tinha parado para poucos minutos de oração, na Basílica de Notre-Dame, em Nice, na França, antes do trabalho, quando foi atacada por um homem armado com uma foto em ataque classificado pelo governo francês como “terrorista”, na manhã da última quinta-feira, 29. Ela chegou a sair do templo e pedir ajuda, mas não sobreviveu. Um homem de 21 anos, suspeito de cometer o crime, que deixou outras duas pessoas mortas – uma delas, o sacristão – foi preso pelas autoridades. Simone morava na França há 30 anos e integrava uma família que promove projetos de matriz afro-brasileira ao país.
“Simone morreu lutando pela vida, ao sair da igreja e pedir socorro. [Ela] evitou que a tragédia fosse maior”, contou o babalorixá Anderson Argôlo, do Terreiro Obatalandê, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, e amigo da família Barreto. Depois do ataque, Simone chegou a se abrigar num restaurante em frente à catedral antes de morrer, contou um dos proprietários do local, Brahim Jelloule, à TV France Info. Testemunhas disseram que, nos últimos momentos de vida, ela pediu que dissessem aos três filhos que ela os amava.
Nos anos 1990, Simone deixou o Brasil para participar da Oba Brasil, grupo de dança na época dirigido por sua irmã, Bárbara, que já morava na França. Simone vivia, antes da mudança, no bairro do Lobato, no subúrbio de Salvador, e, obteve cidadania francesa. No país que escolheu para viver, a baiana se formou em Gastronomia, embora atuasse como cuidadora de idosos. Ela é lembrada pelos amigos como “forte e feliz”. “Mesmo católica, sempre respeitou as religiões de matriz africana, participando do cortejo do presente de Iemanjá”, disse o babalorixá Anderson Argôlo.
A vítima também era irmã de Solange Barreto, presidente da Associação Braducashow, que, há oito anos, realiza em Nice, com a babalorixá Anderson, festejos em homenagem a Iemanjá. Com as duas irmãs, Simone ainda organizava e participava de eventos culturais ligados às tradições brasileiras.