Mesmo diante das incertezas que ainda pesam sobre o futuro da economia global, o dólar forte e a manutenção de Paulo Guedes no Ministério da Economia – apesar dos constantes desentendimentos – foram suficientes para estimular o retorno de estrangeiros à Bolsa brasileira em outubro. A volatilidade do mercado americano em tempos de eleições presidenciais nos Estados Unidos também tem contribuído para essa entrada de recursos.
Segundo analistas de mercado, no contexto atual a Bolsa ainda pode ser considerada “muito barata”, em dólares, quando comparada com suas similares pelo mundo. Em outubro, até o dia 28, a Bolsa registrou a entrada de R$ 3,1 bilhões em recursos estrangeiros, resultado de R$ 250,48 bilhões em compras e R$ 247,31 bilhões em vendas. Este é somente o segundo mês de fluxo positivo visto em 2020, depois da entrada de R$ 343 milhões de junho – volume equivalente a pouco mais de 10% do registrado agora.
A última vez que ocorreu uma entrada mensal comparável ao de outubro foi em março de 2019, de R$ 2,35 bilhões. No acumulado do ano, porém, o fluxo de estrangeiros neste mercado está negativo em R$ 84,5 bilhões, um recorde histórico.
É importante ressaltar que essa base de cálculo não considera as aberturas de capital (IPOs, na sigla em inglês) e ofertas subsequentes de ações (follow-ons) – que, segundo dados divulgados pela B3 até o fim de agosto, somam R$ 18,9 bilhões. Considerando esse montante, no ano o fluxo de estrangeiros na Bolsa está negativo em R$ 65,7 bilhões.