A presença de mulheres na política tem ganhado um lugar privilegiado no debate público nos últimos anos, mas ainda é clara a disparidade de gêneros entre os que exercem cargos eletivos.
Das 305 candidaturas à Câmara de Marília, 105 são de mulheres, ou seja, 30% do total de candidatos. Na disputa pela Prefeitura, o índice é ainda menor, 25% – entre as oito candidaturas, somente duas são do gênero feminino – Nayara Mazini (Psol) e Regiane Mello (PSL).
Atualmente, das 13 cadeiras no Poder Legislativo Municipal, Marília tem apenas uma mulher como representante da população, a Professora Daniela (PL), o que corresponde a 7,6% do total de cadeiras ocupadas.
A legislação eleitoral determina que os partidos devem lançar pelo menos 30% de candidatas e que os recursos do Fundo Eleitoral repassados a essas mulheres devem seguir a mesma proporção.
“É uma obrigação porque temos legalmente a imposição de uma cota mínima de representatividade. Hoje temos esse número de mulheres candidatas porque a lei exige que os partidos reservem espaços para mulheres. Essa medida é importante, mas pode se tornar uma medida paliativa e até simbólica. É preciso efetivamente que contemos com mulheres em condições de concorrer, com histórico na vida política e engajamento social”, disse.
Para deixar de ser apenas simbólica a representatividade de candidaturas de mulheres aos cargos de poder, Daniela Rodrigueiro ressalta que é preciso um movimento em conjunto.
“Os partidos precisam buscar mulheres envolvidas nas questões de âmbito público e não apenas na esfera privada, como mulheres que não trabalham e outras que atuam em empresas privadas sem nenhuma inserção nos ambientes públicos, sociais e na comunidade que residem. Não é possível que a gente continue num sistema onde a representação é simbólica”, complementou.
A advogada e professora universitária alegou que as políticas públicas devem ser desenvolvidas a partir da diversidade de gênero e racial.
“É preciso alcançar essa efetiva participação das mulheres. Portanto, precisamos de um movimento em conjunto que precisa avançar, seja a partir dos partidos políticos e da própria legislação, para acompanhar o diálogo político mais diverso. Senão continuaremos tendo um Poder Legislativo com apenas um ângulo de visão, tanto no âmbito municipal, estadual ou federal”, concluiu.
