Quase 43% dos eleitores desperdiçaram o voto nas eleições de Marília neste domingo (15), seja por abstenção ou votando nulo ou branco. O índice de abstenção é o maior em pelo menos 20 anos.

Do total de eleitores, 53.185 não compareceram ao pleito domingo (15), uma abstenção de 29,73%. Soma-se a isso mais 6.849 votos em branco (5,45%) e 9.699 votos nulos (7,71%).

Com isso, dos 178.917 votos possíveis, 69.733 foram ‘perdidos’. Essa massa de desinteressados representa 26% mais que o total de eleitores que permitiram Daniel Alonso se reeleger (55.060 eleitores).

Nas eleições municipais passadas, em 2016, o índice de abstenção ficou em 23,61%. Nas eleições municipais de 2012, 2008, 2004 e 2000, os índices de eleitores que faltaram foi de 19,06%, 17,04%, 16,35% e 14,40%, respectivamente, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Já a soma dos votos brancos e nulos nestas eleições (13,16%) só não foi maior que em 2016, quando 14,25% dos eleitores votaram dessa maneira. Nos pleitos de 2000, 2004, 2008 e 2012, as somas de brancos e nulos ficaram em 12,87%, 10,59%, 9,36% e 9,28%, respectivamente.

O cientista político Maximiliano Vicente, docente da Unesp (Universidade Estadual Paulista), considera que a justificativa mais importante para tanto voto ‘perdido’ é o desencantamento das pessoas com a política. “Muitos eleitores não se sentem atraídos por um candidato, por um partido, acham que as propostas são sempre as mesmas”, explicou.

Vicente considera o alto índice de votos ‘perdidos’ preocupante, já que esses eleitores teriam de ter a consciência de que é o voto que vai decidir a vida dos cidadãos pelos próximos quatro anos em diversas áreas, como saúde, educação, abastecimento de água, asfalto, esgoto e tantos outros temas.

“A partir do momento em que o eleitor não participa, ele perde a legitimidade para cobrar e para criticar e ajuda a escolher um candidato com ponto de vista diferente do seu. Votar implica em mexer na sua vida, e a vida ocorre no município”, conclui.

Voto branco não vai para a legenda

Muitos eleitores ainda acham que o voto em branco vai para a legenda, mas isso não ocorre. A Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997) diz que os votos brancos e nulos não são computados para definir a eleição de determinado candidato. Assim, o entendimento da lei é de que o voto branco não vai para a legenda, porque ele não é considerado um voto válido.

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Descrentes com a classe política,  70 mil eleitores não votam em ninguém
O cientista político Maximliano Vicente diz que o desencantamento das pessoas com a política é o principal motivo para o voto ‘perdido’