Certa vez, em uma reunião, perguntaram a um piedoso cristão e famoso médico analista, como devia proceder um indivíduo que se encontrasse à beira de um colapso nervoso. Ele não aconselhou: “Consulte um psiquiatra”, mas sugeriu o seguinte: “Deve fechar a sua casa e sair em busca de alguém que esteja aflito e que se encontre ainda mais necessitado, procurando fazer algo por ele”.
A realidade é que o amor ao próximo traz cura para a sociedade, saúde emocional aos indivíduos e senso de partilha responsável. Talvez você já tenha lido sobre a famosa estátua de Tim Schmalz. Penso que se nós, os protestantes, tivéssemos imagens sacras em nossos templos, isso sem gerar qualquer tipo de controvérsia, misticismo ou celeuma, optaria por ter a obra de escultura do artista Tim Schmalz no nosso espaço religioso. Trata-se de uma estátua em tamanho real de Cristo envolto quase inteiramente em um cobertor, deitado sobre um banco de praça. A única dica que aponta ser a imagem de Jesus são os furos dos cravos que aparecem em seus pés em forma de chagas, pois inclusive a cabeça está coberta. A imagem está no jardim em frente a uma igreja canadense e, como trata-se de uma obra de excelência, tem-se a impressão de tratar-se realmente de um homem. As reações dos transeuntes e turistas são as mais diversas e creio que revelam o que cada um tem (ou não tem) na relação entre Cristo e o sofredor. Uns desviam os passos para não se aproximarem do banco, enquanto outros acham que o lugar de uma escultura sacra é dentro do templo e não fora. Há quem se assenta aos seus pés e os massageiam com compaixão assim como também houve quem chamou a polícia, pensando em se tratar de um mendigo tirando a beleza do local. Enfim, a imagem é desafiadora, pois a maioria daqueles que passam por lá repensam o que estão fazendo com o Cristo revelado no seu semelhante que sofre. Dizem que o momento em que um cristão é mais parecido com o Senhor, é quando está assistindo ao necessitado; em contrapartida, o momento em que Cristo é mais parecido com o ser humano do século 21, é quando está na forma de irmão sofredor. Por isso Mateus registra: Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber? Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? Ou nu, e te vestimos? Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-te? E responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes. (Mt 25.37-40). Que Deus nos dê graça e amor para não desviarmos da estátua do Tim Schmalz neste Natal.

Marcos Kopeska – pastor da 3a PI de Marília, pós graduado em Terapia Familiar Sistêmica, capelão da PM, escritor, palestrante

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O sermão pregado pela estátua