Pra quem tem medo da morte, vou direto ao assunto porque não temos muito tempo mesmo, não por que você vá morrer hoje, mas porque você vive hoje! Se tivermos medo do fim não recomeçamos, com o medo do dia da morte muitos deixam de viver o dia atual. Praticar este paradoxo é como matar a vida para viver seu fim antecipado. Um dos lamentos mais verbalizados dos que estão prestes a morrer, é não ter vivido o que queria viver e assim o tempo passou vivendo a vida dos outros, engavetando seus sonhos pessoais até esgotarem seus dias. No entanto, os que aproveitaram o tempo que lhes foi concedido, seja lá quanto tempo tenha sido, entre risos ou prantos, driblando entre alegrias e lutos, estes despedem-se bem da vida, em paz, com sentimento de missão cumprida, mesmo que o fim seja dolorido, ficam confortados pois viveram intensamente seu propósito e fizeram seu melhor neste tempo bendito. O medo não deve ser da morte e sim de não viver. Tic tac tic tac… quanto tempo você tem? A vida é um risco desde nossa concepção. Vive melhor quem se lembra disso todos os dias. Quando se acostuma com o fato de que viver é risco de morrer e morrer é o risco de viver, vive mais intensamente e compreende o propósito maior da vida.“Todos os homens morrem mas nem todos vivem” – disse o protagonista de “Coração Valente” prestes a morrer como mártir, sob tortura. Viver com superficialidade nos atira para a morte existencial. Quando digo viver, não se trata de realizar grandes projetos físicos e materiais, pode até ser, mas se não tiver amor, de nada vale (Cor.13). É triste quando este medo de morrer se estende ao amor. É, o medo de amar na verdade é medo de morrer de amor, medo de se repetir uma dor, mas digo que é justamente viver o amor em sua totalidade de luz e sombra, doce e amargo, que te fará viver plenamente. O mesmo amor que te fere, te cura também. Como canta Jota Quest “Como é bom morrer de amor e voltar a viver”. Morra de amor quantas vezes precisar, mas viva! Só morre quem está vivo, não tem como morrer um morto. Já que é pra morrer que morra vivendo e vivendo a sua vida e causa. Entrar na onda Zeca Pagodinho do “Deixa a vida me levar, vida leva eu” é o mesmo que viver sem causa, caminhando para uma morte sem sentido. Talvez com esta mente se esclarece um pouco mais este profundo texto sagrado: “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, acha-la-á. Mateus 16:25. Repare que há muito que se morrer aí dentro de você para que novas coisas aconteçam. Milhões de células morrem todos os dias em nós e se não for assim não temos continuidade saudável. Observe com coragem quanta vida e mudanças acontecem após uma perda ou o fim de um ciclo. Muitas vezes é o fim de algo ou alguém que movimenta a água paradada vida. Não devemos resistir às perdas pois não há ganho sem elas, mas é preciso garimpar as preciosidades advindas por elas. Só quem considera a possibilidade de perda, valoriza e preserva o que ainda tem. O que já se sente morto, boiandonessa água parada, a escolha é sua de permanecer assim ou renascer em nova versão, superando e marcando sua existência. Pena quando alguém não compreende esta lei universal da vida e acaba antecipando seu fim por não suportar ter uma vida diferente do que idealizou. Sim, a vida é um combo de onus e bonus que sempre valerá cada minuto arriscado enquanto estiver por aqui. “Vivendo e aprendendo a jogar, nem sempre ganhando nem sempre perdendo mas aprendendo a jogar.” Caiu? Levante, o jogo continua! Como crianças, muitos inventam uma desculpa e saem da “brincadeira” por medo de perder ou de se machucarem. Os “café com leite” sempre são poupados e ficam ilesos de algumas jogadas da vida, mas é só isso também, sem que nada aconteça, ficam a assistir o jogo dos outros do banco. Cartão amarelo pra você que parou no campo por medo de avançar! “O que você faria, se não tivesse medo?” foi a intrigante pergunta que Spencer Johnson, fez em seu livro Quem mexeu no meu queijo. Se você não vive por medo de arriscar morrer, então quem vive? Se quer viver corra! Talvez ainda dê tempo!
- Post category:Artigo / Edilene Nassar Post