A pandemia de Covid-19 está deixando o jovem brasileiro cada vez mais estressado, cansado e preocupado com a saúde de seus familiares e a renda dentro de casa. É o que aponta pesquisa realizada pelo Espro (Ensino Social Profissionalizante), instituição filantrópica sem fins lucrativos, feita com 13.619 entrevistados de 15 a 24 anos de 18 Estados do país, mais o Distrito Federal.
A pesquisa mediu diferentes aspectos da vida dos entrevistados em cinco momentos do ano passado, do início da pandemia (abril) até os primeiros anúncios concretos de vacinas contra a doença (novembro). Entre os temas abordados estão informações e preocupações com a Covid-19, medidas de proteção utilizadas, bem-estar, emprego e estudos.
De acordo com o estudo, os jovens têm se sentido cada vez mais cansados, com reflexos na perda de sono. Em abril, a quantidade de adolescentes e jovens que disseram estar dormindo menos que o normal foi de 56,8% do total, enquanto em novembro o índice saltou para 65,8%. Já o percentual de entrevistados que disseram estar mais cansados do que o normal subiu de 73% para 77,5%.
Nove em cada dez adolescentes e jovens (90%) dizem estar mais ansiosos do que o normal, índice superior ao de abril (87,1%). Também há aumento registrado na preocupação geral (72% x 75,3%) e no estresse (73,2% x 74,7%).
A pesquisa revela também que os entrevistados estão muito aflitos com a saúde de seus familiares. A morte de um parente é o tema mais apontado: em novembro, 93,1% dos jovens disseram ter preocupação “alta” ou “muito alta” de que isso ocorra (ante 90,2% em abril). Na sequência, figura o tema “doença de parente/amigo”, com 92,9% (contra 92,2% na primeira onda de entrevistas).
“A pesquisa mostra nitidamente que a pandemia tem afetado a saúde mental de nossos adolescentes e jovens. E não é só isso: também vemos uma enorme preocupação dos entrevistados com a saúde dos familiares e os impactos da pandemia na economia de casa”, afirma Alessandro Saade, superintendente executivo do Espro, que em 41 anos de existência já encaminhou mais de 315 mil jovens aprendizes para o primeiro emprego.
Emprego e renda
A economia do país e a renda familiar também é alvo de angústia para os jovens brasileiros. A perda do emprego do pai ou da mãe é a terceira maior inquietação dos entrevistados: 89,5% apontaram nível alto ou muito alto de preocupação sobre o tema em novembro (em abril, eram 85,3%). Na sequência, aparecem os temas “perder meu emprego ou fonte de renda” (88,6% x 86,8%) e “impactos na economia” (88,4% x 82,9%). A menor preocupação é “ficar em casa sem contato com as pessoas” (60,1% x 59,4%).
Quatro em cada dez entrevistados (41,1%) afirmaram que alguém que mora com eles perdeu o emprego ou teve redução de renda em novembro, contra 45,2% em abril. Já 13,6% afirmaram que eles próprios sofreram com uma das situações, índice bem próximo ao de abril (13,4%). Em relação aos estudos, nove em cada dez (90,1%) adolescentes e jovens estudavam de casa em novembro, índice que em abril era de 75,1%.
O levantamento também revela que mais de um terço dos entrevistados (36,8%) diz que algum familiar contraiu Covid-19. E 44,7% declaram conhecer pelo menos uma pessoa que já pegou a doença. A pesquisa também apontou os hábitos dos entrevistados: 95,9% usam máscara, 95,4% usam álcool em gel, 93,2% lavam as mãos com frequência e 74,5% mantêm distância mínima de 1 metro.