A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.

A vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo.

As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras.

É mais fácil lidar com uma má consciência do que com uma má reputação.

Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas.

O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.

Para a maioria, quão pequena é a porção de prazer que basta para fazer a vida agradável!

Se uma mulher tem inclinações eruditas é porque, em geral, há algo de errado na sua sexualidade. A esterilidade predispõe a uma certa masculinidade do gosto; é que o homem, com vossa licença, é de fato «o animal estéril».

Os grandes intelectuais são céticos.

A objeção, o desvio, a desconfiança alegre, a vontade de troçar são sinais de saúde: tudo o que é absoluto pertence à patologia.

O homem é definido como um ser que evolui, como o animal é imaturo por excelência.

O ser refutável não é o menor dos encantos de uma teoria.

Certos pavões escondem de todos os olhos a sua cauda – chamando a isso o seu orgulho.

A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade.

Logo que, numa inovação, nos mostram alguma coisa de antigo, ficamos sossegados.

A vontade de superar um afeto não é, em última análise, senão vontade de um outro ou de vários outros afetos.

Temos a arte para não morrer da verdade.

Torna-te aquilo que és.

A moralidade é a melhor de todas as regras para orientar a humanidade.

Os homens graves e melancólicos ficam mais leves graças ao que torna os outros pesados, o ódio e o amor, e assim surgem de vez em quando à sua superfície.

No matrimônio existem apenas obrigações e alguns direitos.

Tudo é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo.

Quem, em prol da sua boa reputação, não se sacrificou já uma vez – a si próprio?

É pelas próprias virtudes que se é mais bem castigado.

Culpamos as pessoas das quais não gostamos pelas gentilezas que nos demonstram.

Nós fazemos acordados o que fazemos nos sonhos: primeiro inventamos e imaginamos o homem com quem convivemos – para nos esquecermos dele em seguida.

A vida mais doce é não pensar em nada.

O que é o macaco para o homem? Uma risada ou uma dolorosa vergonha.

No convívio com sábios e artistas facilmente nos enganamos no sentido oposto: não é raro encontrarmos por detrás dum sábio notável um homem medíocre, e muitas vezes por detrás de um artista medíocre – um homem muito notável.

O sábio como astrônomo. – Enquanto sentires as estrelas como algo “acima de ti” não possuis ainda o olhar do homem que sabe.

As vivências terríveis fazem-nos pensar se o seu protagonista não é, ele próprio, algo de terrível.

Encontra-se sempre, aqui e ali, algum semi-deus que consegue viver em condições terríveis, e viver vencedor! Quereis ouvir os seus cantos solitários? Escutai a música de Beethoven.

Logo que comunicamos os nossos conhecimentos, deixamos de gostar deles suficientemente.

Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.

O atrativo do conhecimento seria pequeno se no caminho que a ele conduz não houvesse que vencer tanto pudor.

Os poetas são impudicos para com as suas vivências: exploram-nas.

Se se tem caráter, tem-se também uma experiência típica própria, que sempre retorna.

Há uma exuberância na bondade que parece ser maldade.

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