Muitas famílias enfrentam o luto após a perda de entes queridos. O momento é um período difícil para todos, mas pode ser especialmente duro para idosos. De acordo com o Dr. André Gordilho, psiquiatra, psicogeriatra, mestre em Medicina e Saúde Humana da Holiste Psiquiatria, muitas vezes as pessoas na terceira idade desenvolvem sintomas depressivos que podem se estender pela dificuldade de ressignificar a perda. Neste momento, o apoio e a presença familiar são essenciais para que a dor da perda não coloque em risco a saúde física e emocional do indivíduo.
“O luto é caracterizado por sintomas de adaptação associados à perda de algo ou alguém importante para a pessoa. Na terceira idade, pode ser muito mais complicado redefinir a perda devido a alguns fatores, como a possibilidade de múltiplas perdas reais e simbólicas, muitas vezes de forma concomitante. Além disso, há o enfrentamento da própria finitude”, explica.
O papel da família durante o luto
É comum que as pessoas mais próximas tenham dúvidas sobre como se aproximar de uma pessoa idosa neste momento. Outra questão, é se é melhor estar mais presente – e, talvez, atrapalhar a rotina do idoso – ou se seria mais adequado respeitar o espaço. Segundo o psicogeriatra, o ideal é equilibrar os dois extremos: se aproximar respeitando o espaço e a rotina do outro.
“Os familiares ou pessoas próximas devem se aproximar, mas sem serem invasivos. Respeitar o espaço, mas se mostrar presente e empático, reafirmando que está ali para a pessoa no que ela precisar. Neste período, é necessário que a pessoa enlutada saiba que, apesar da perda, não está sozinha e que há pessoas que se importam e querem estar presentes”, diz.
Sinais de alerta
Não existe um tempo determinado para o luto, cada pessoa vai passar por esta fase dentro dos próprios termos. Contudo, mesmo respeitando os limites e o tempo de cada um, existem sinais de alerta que podem indicar a necessidade de uma intervenção profissional para colaborar com o processo. Atualmente, o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) indica que, se em meio ao luto a pessoa apresente sintomas depressivos, o caso passa a ser tratado como tal.
O psiquiatra André Gordilho indica os 5 sintomas mais frequentes e alarmantes:

A pessoa passa a se isolar
Se descuidar da aparência ou das tarefas diárias
Deixar de fazer as coisas que habitualmente gostava
Deixar de se alimentar
Apresentar perda de peso

“A atenção deve estar voltada ao comportamento ou a mudança de comportamento. No luto, com o tempo, a pessoa vai lidando com a perda e seguindo a vida, o que não quer dizer que esqueceu. Em oposição, nos casos que o luto se arrasta e começa a ter repercussões, como sintomas depressivos que não melhoram, é importante visitar um psiquiatra com familiaridade no tratamento de pessoas na terceira idade”, afirma. Gordilho complementa que a pessoa que perdeu alguém pode e deve se lembrar, recordar, ver fotografias e vídeos, contanto que a vida não passe a girar em torno da memória e que haja a ressignificação da perda. Assim, o mais importante é estar atento quando há prejuízos à saúde do idoso.

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Psicogeriatra alerta sobre o impacto do luto na saúde mental de idosos
Dr. André Gordilho: “Os familiares ou pessoas próximas devem se aproximar, mas sem serem invasivos. Respeitar o espaço, mas se mostrar presente e empático, reafirmando que está ali para a pessoa no que ela precisar. Neste período, é necessário que a pessoa enlutada saiba que, apesar da perda, não está sozinha e que há pessoas que se importam e querem estar presentes”