“Um corpo do verão se começa a construir no inverno”. A máxima que é defendida por muitos profissionais de saúde tem uma razão: na busca de resultados rápidos, algumas pessoas acabam exagerando ao seguir dietas milagrosas, que não se mostram duradouras, ou então, se lesionam em treinos com cargas em excesso. Além de ser um período favorável para a perda de peso, o inverno assegura um intervalo de tempo razoável para se atingir metas consistentes na chegada do verão.
O nutricionista Wagner dos Reis, professor do curso de nutrição da Faculdade Pitágoras, defende que a perda de peso deve acontecer de forma gradativa e lenta para que o organismo não responda de forma negativa às mudanças. “É importante que o indivíduo que quer perder peso tenha um planejamento junto com um nutricionista e até mesmo com um educador físico. O ideal é considerar uma média de perda de peso de 2 a 4kgs por mês ou até menos do que isso. O planejamento deve ser feito de acordo com a quantidade final que a pessoa quer eliminar”, explica o profissional da saúde.
O planejamento é o ponto mais importante para conquistar o corpo desejado, conforme explica Wagner dos Reis. “Ele permite que o paciente perca a quantidade de quilos necessária de forma saudável, sem efeito sanfona e com um planejamento alimentar que garante o consumo de todos os nutrientes necessários para o processo, evitando restrições severas como, por exemplo, o carboidrato. Sabemos que restrições de carboidrato podem aumentar os hormônios do estresse e os períodos de compulsão alimentar”.
O nutricionista explica que o emagrecimento tem fases específicas e por isso o acompanhamento de um profissional é tão importante para que os resultados sejam assertivos. “Uma das fases é a que chamamos de fase de choque, onde o paciente perde muito peso de forma rápida, principalmente nos 15 primeiros dias. Nesse processo há uma queda de alguns hormônios que atuam no metabolismo e o profissional precisa planejar a dieta adicionando alimentos e nutrientes para garantir que os hormônios não sejam reduzidos e prejudique o emagrecimento”.
A segunda fase é a adaptação, onde o gasto energético da pessoa começa a se adaptar ao consumo. “É uma forma do corpo lutar contra a perda de peso. Ele estava acostumado com o peso X e agora o indivíduo está com o peso Y. Então, o organismo sente que alguma coisa está errada e nesse momento há, principalmente, aumento do cortisol e alterações em alguns neurônios que controlam a saciedade e o apetite. Nessa fase, o nutricionista precisa planejar estratégias que evitem que a pessoa coma muito e controle esse processo de fome e de saciedade”, diz Wagner.
O terceiro momento do processo de emagrecimento é a fase de resistência, onde há uma completa adaptação de todo o sistema fisiológico a essa restrição energética. “Nesse período acontece uma redução mais acelerada da taxa metabólica de repouso e do gasto energético e a pessoa tende a não conseguir progredir na redução de peso. É como se o organismo entrasse em um determinado platô. Com isso, é importante que o paciente tenha um choque em nível de estratégia. Ou seja, ele precisa modificar as estratégias nutricionais e de atividades físicas para fazer com que o corpo volte a funcionar novamente. Uma boa estratégia nessa fase é aumentar o consumo de alimentos termogênicos”.
O professor defende que para resultados satisfatórios e um emagrecimento saudável, a dieta precisa ser personalizada. “O planejamento deve ser alinhado a rotina e aos hábitos alimentares do paciente para que ele faça algo sustentável e duradouro”. O docente ressalta, ainda, que não se deve acreditar em dietas milagrosas. “Muitas dessas dietas milagrosas acabam restringindo alguns nutrientes, como carboidratos, vitaminas e minerais. É importante perceber que dietas milagrosas podem gerar deficiências nutricionais que podem desequilibrar o organismo”, diz Wagner.
Para que as pessoas comecem e não abandonem o projeto verão, Wagner Reis conta que o desejo de mudar é o primeiro passo. “As pessoas querem mudar o peso, mas não querem mudar os hábitos, continuam comendo alimentos industrializados e consumindo em excesso bebidas alcoólicas. Elas iniciam o plano alimentar, mas não seguem porque não estão preparadas para essa mudança. Outro ponto é que as pessoas buscam por praticidade e associam a praticidade a alimentos industrializado, o que é um erro. Outra coisa importante é que as pessoas não entendem que precisam de ajuda de profissionais. Pessoas que comem de forma compulsiva, ansiosas e estressadas, às vezes precisam de ajuda psicológica. Nesses casos o trabalho interdisciplinar do nutricionista com outros profissionais é extremamente importante”, conclui Wagner dos Reis.
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