A Associação Cannábica em Defesa da Vida, a Maléli, quebra barreiras e busca implementar o acesso a cannabis (a maconha) no tratamento e na melhoria de qualidade de vida de pacientes com doenças crônicas, câncer, epilepsia, entre outros diagnósticos em Marília.

Conforme a Maléli, a cannabis medicinal auxilia no tratamento de mais de 130 doenças e melhora a qualidade de vida dos pacientes. Atualmente, a Associação conta com 60 voluntários e busca apoio do Poder Público Municipal para conquistar uma sede e autorização para o Cultivo Associativo – iniciativa que deve beneficiar dezenas de pacientes.

Recentemente, a Maléli protocolou na Câmara Municipal um requerimento para a criação do Comitê Intersetorial de Política Municipal Para Uso Medicinal da Cannabis. A iniciativa pretende, entre outras ações, fortalecer a pesquisa sobre a planta e descontruir paradigmas na área da saúde e na sociedade.

Conforme Clarissa Ogeda, primeira secretária da Maléli, a Associação recebeu apoio do Poder Legislativo no compromisso de levar a causa para outras instâncias políticas.

“Aos poucos as coisas estão acontecendo. Ainda não temos uma sede para atendimento. Esse foi uma das pautas discutidas na Câmara. Também solicitamos a Autorização para o Cultivo Associativo, determinado em instâncias maiores, mas nossa intenção é que os vereadores levem às instâncias superiores. Não tivemos nenhum tipo de rejeição. Todos os vereadores foram favoráveis e afirmaram que vão levar isso adiante”, completou a diretora.

“Nossa luta é para construir esse movimento a partir de Marília. A iniciativa já existe em outras cidades, mas no Interior de São Paulo não existe nenhuma associação com esse objetivo. Não temos viés partidário ou religioso, a nossa luta é pela vida”, afirmou Clarissa.

Mateus de 10 anos tem uma síndrome rara e utiliza maconha medicinal no tratamento (Foto: Arquivo)

O Cultivo Associativo autoriza e regulamenta a Associação no plantio da cannabis com o objetivo de produzir o óleo integral, com vistas a diminuição da importação. Além de custar mais caro, existem pesquisas que apontam menor efetividade ao CDB de maneira isolada. Famílias chegam a gastar R$ 4 mil ao mês, as doses custam cerca de U$ 350.

Em Marília, quatro pessoas já tem o Habeas Corpus (HC) que libera o cultivo da cannabis medicinal para o tratamento das doenças. Entre os casos estão a presidente da Maléli, Nayara de Fátima Mazini Ferrari, de 36 anos, mãe de Letícia, de 6 anos, e a vice-presidente Cláudia Marin, 41, mãe do Mateus de 10 anos.

Os filhos delas nasceram com síndromes raras e já chegaram a sofrer dezenas de convulsões por dia. Com o uso do óleo integral da cannabis, Mateus, que chegou a apresentar 90 crises convulsivas por dia, conseguiu zerar. Enquanto as crises de Letícia, a Lelê, diminuíram 70%. A partir da autorização do Cultivo Associativo, a Maléli poderá distribuir o óleo integral a baixo custo para outros pacientes que tiverem indicação médica, principalmente os de baixa renda.

“Como a cannabis é um fitoterápico, os médicos vão adequando a dosagem dependendo da resposta. Ela funciona como um medicamento, adaptado para cada doença e paciente”, explica. “Os pacientes vão ao consultório normalmente. Eles não vão deixar de tomar os remédios alopáticos, mas conforme o desenvolvimento e acompanhamento médico existem casos que os remédios foram completamente substituídos pele óleo, lembrando que a associação recebe o nome de Maléli em homenagem às duas crianças, Mateus e Letícia, que se tornaram símbolo na luta pelo acesso à Cannabis Medicinal em Marília”, finaliza Clarissa.

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Associação luta por direito de produzir maconha medicinal na cidade