Final de ano, para muitas pessoas, é sinal de ansiedade. Além de preocupação com os gastos excessivos com as festas comemorativas e até viagens, essa época do ano também pode se tornar um momento que causa muitos gatilhos para pessoas que têm algum trauma ou até brigas familiares. Neste período, é normal sim a ansiedade natural, mas se a palavra ‘Natal’ assusta deixando a pessoa triste ou com raiva, talvez tenha uma explicação. 

De acordo com a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, o nome para a condição que causa esses sentimentos negativos e de melancolia é ‘Síndrome de Grinch” – nome originado do personagem que odeia o Natal. “Também diagnosticada como Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), é um tipo de depressão que ocorre nessa época, em que o gatilho pode ter sido decorrente de experiências traumáticas que aconteceram na data ou próxima dela”, comenta.

A especialista ainda explica que as causas podem ser: pressão por realizar compromissos, encontrar familiares que você não está afim, tradições que você não concorda ou ser obrigado a demonstrar felicidade na ocasião.Cada um deve identificar as razões por não gostar do Natal para conseguir ressignificar de alguma forma. “Por exemplo, se é decorrente da morte de um ente querido, seria positivo a pessoa ressignificar entendendo que aquela pessoa que se foi, ficaria feliz com a alegria do Natal”, esclarece a psicóloga. 

Como agir quando o gatilho é sobre as eleições de 2022?

Como esse ano foi de mudanças políticas na presidência do Brasil, é necessário entender que desavenças acontecem e isso não deveria ser motivo para brigas, pois não vale a pena. “A cultura brasileira de gritar mais alto para ter razão não funciona, só piora. O ideal seria tentar “quebrar o gelo”. Se as pessoas desejarem retornar ao relacionamento, é importante fazer um esforço de ter empatia com a outra. Isso é fundamental”, exemplifica. 

Por isso, é preciso estar com pessoas queridas para ajudar a se fortalecer diante do sofrimento/irritação, além de se nutrir de bons sentimentos, proporcionando um benefício muito grande emocional. “Outra dica é criar uma “lista de gratidão”, anotando situações positivas que envolvem a sua vida. Não interagir com pessoas que te deixam tristes ou que influenciam de forma negativa o seu humor também contribuem para se sentir melhor nesse período”, complementa.

Como ressignificar qualquer tipo de trauma?

O melhor caminho, nesses casos, é aproveitar o momento para refletir, olhar para dentro, e se conectar, tirando um tempo para si mesmo, fazer algo que goste e se divertir para não sofrer tanto nessa data. “Pensar nessas datas de fim de ano como um renascimento para os projetos que não deram certo, um novo ciclo, metas, expectativas e conquistas também ajudam a ressignificar a visão negativa que a pessoa tem sobre não ter conseguido realizar seus sonhos, ou seja, ela terá uma nova oportunidade para conseguir realizar o que não conseguiu antes”, salienta.

Vanessa finaliza dizendo que, em casos de brigas ou desavenças familiares, seja por política ou qualquer outro assunto, é necessário buscar trabalhar o perdão. “Aprimore e interiorize as suas ações diante desses sentimentos presentes e se estiver difícil, procure uma ajuda psicológica para ajudar no processo de ressignificação e cura”, pontua.

Sobre Vanessa Gebrim 

Vanessa Gebrim é Pós-Graduada e especialista em Psicologia pela PUC-SP. Teve em seu desenvolvimento profissional a experiência na psicologia hospitalar e terapia de apoio na área de oncologia infantil na Casa Hope e é autora de monografias que orientam psicólogos em diversos hospitais de São Paulo, sobre tratamento de pacientes com câncer (mulheres mastectomizadas e oncologia infantil). É precursora em Alphaville dos tratamentos em trauma emocional, EMDR, Brainspotting, Play Of Life, Barras de Access, HQI, que são ferramentas modernas que otimizam o tempo de terapia e provocam mudanças no âmbito cerebral. Atua também como Consteladora Familiar, com abordagem sistêmica que promove o equilíbrio e melhora relações interpessoais. Tem amplo conhecimento clínico, humanista, positivista e sistêmico e trabalha para provocar mudanças profundas que contribuam para a evolução e o equilíbrio das pessoas. Mais de 20 anos de atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e idosos, trata transtornos alimentares, depressão, bullying, síndrome do pânico, TOC, ansiedade, transtorno de estresse pós traumático, orientação de pais, distúrbios de aprendizagem, avaliação psicológica, conflitos familiares, luto, entre outros.

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