Recentemente questionei uma médica acerca dos níveis exponenciais e ascendentes de estresse, depressão e suicídio na população em geral. Já fiz a mesma pergunta em países outros pelos quais passei, pensando em cruzar resultados. Mas a resposta é a mesma aqui na Pátria Verde e Amarela, na África ou em Luxemburgo.
Estes elementos sempre existiram, mas encubados no interior do ser humano, mais ou menos como fantasmas acorrentados nos porões da ópera. Os ruídos misturados e confusos da mídia, do consumismo, do hedonismo, do relativismo, do mercado, da excelência e da liquidez, acordaram o fantasma adormecido por séculos.
Assustado, ele quebrou as correntes, subiu as escadas passo a passo, deslizando as cadeias com o barulho descompassado de metal arrastado e surgiu no palco, assustador, com seu rosto deformado e seu olhar ameaçador. O espetáculo dá lugar à correria, o canto dá espaço ao grito e a arte cede ao pânico.
Andrew Solomon escreve: “Taxas crescentes de depressão são uma consequência da modernidade. O ritmo frenético do dia-a-dia, o colapso da estrutura familiar e a competição acirrada têm um efeito devastador sobre as pessoas. Como esses fatores não existiam no passado, havia menos risco de vir à tona a vulnerabilidade à depressão. Mas essa vulnerabilidade sempre existiu”.
Uma pesquisa levantada pela International Stress Management Association no Brasil, de 2005, com mil trabalhadores de São Paulo e Porto Alegre, indica que, de cada dez trabalhadores um está com depressão, sendo o trabalho apontado como fonte principal do estresse causador da doença.
Costumamos dizer que depressão é o excesso de passado, estresse é o excesso de presente e ansiedade o excesso de futuro. Sendo assim, supere o que foi, equacione o que é e tenha fé no que virá.
Parece-nos que o Paulo, o apóstolo, escrevendo sobre contentamento e alegria aos cristãos de Filipos, teve um insight mais atual para nós do que imaginamos: “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3.13,14). Vão aqui algumas respostas rápidas, mas resolutas:
1) Para o excesso de presente ele escreve: …uma coisa faço… Ação constante, atitude, postura… Talvez há uma coisa que você precisa fazer e está protelando. Pensar e não fazer é o mesmo que não pensar.
2) Para o excesso de passado ele escreve: …esquecendo-me das coisas que atrás ficam… William Shakespeare escreveu que lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente. Supere seu passado de dor e mire os olhos no futuro. Não se acorrente ao que já foi. Henry Ford escreveu: “O passado serve para evidenciar as nossas falhas e dar-nos indicações para o progresso do futuro”.
3) Para o excesso de futuro ele prescreve: …e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Uma dica: você só consegue prosseguir rumo ao futuro, se administrar o passado com sabedoria, resiliência e disposição para o perdão. Um ditado oriental postula: “Volta teu rosto sempre na direção do sol, e então as sombras ficarão para trás”.
Como está seu excesso de passado, de presente ou de futuro? Equilibrado? Descompassado? Desiquilibrado? Que Deus nos ajude a olhar o que passou com gratidão, viver o presente com esperança e olhar o futuro com os olhos de desafio.
Reverendo Marcos Kopeska é bacharel em Teologia, pós-graduado em Terapia Familiar Sistêmica, pastor da 3ª Igreja Presbiteriana Independente, apresentador do Programa Vida em Gotas (TV Cidade | Canal 9) e escritor.