Os distúrbios respiratórios obstrutivos do sono são patologias comuns na criança. Entre eles, o ronco e apnéia obstrutiva necessitam ser diferenciados e diagnosticados devido às implicações comportamentais e de doenças associadas, levando a um prejuízo físico e psíquico quando não diagnosticados e tratados adequadamente.
O ronco primário ocorre em torno de 10% das crianças, com resolução espontânea em 50% dos casos. O seu diagnóstico é feito pelo estudo do sono (polissonografia), sendo este exame importante para diferenciar o ronco primário da apneia, que ocorre aproximadamente 1 a 5% das crianças , com pico entre 2 a 8 anos.
No quadro clínico da apneia obstrutiva do sono nota-se a presença de ronco habitual, apneia assistida, respiração bucal diurna e ruidosa, posturas anormais durante o sono, sudorese excessiva, sono agitado, cefaleia pela manhã, aumento da pressão arterial, enurese, sonolência excessiva diurna, inatenção, hiperatividade, déficit no aprendizado, atraso de crescimento e distúrbio metabólico.
As alterações mais comumente observadas nas crianças afetadas pela apneia do sono são comportamentais. Sempre há interrupções no sono com superficialização e fragmentação do sono; não ocorrendo a produção do sono REM, que é responsável pela parte de cognição e aprendizado, além de ser também a fase de produção do hormônio de crescimento (GH), há um hipodesenvolvimento nas mesmas.
No exame físico alguns achados também levantam a suspeita de distúrbio respiratório do sono, entre eles estão desvio septal, hipertrofia dos cornetos, alteração no palato (palato alto) e na arcada dentária, rinite alérgica, respiração ruidosa, adenoide e amigdalas palatinas hipertrofiadas, obesidade ou magreza, baixa estatura, doença neuromuscular, síndromes, asma, síndrome metabólica e disfunção oro-motora.
O exame de polissonografia sempre será indicado para um ótimo diagnostico. O tratamento pode ser medicamentoso, ortodôntico e cirúrgico (com remoção das tonsilas palatinas e/ou adenoide). Na obesidade além da retirada do tecido adenoamigdaleano, o emagrecimento é necessário. Sempre é um tratamento individualizado para cada caso.
Para casos graves, com complicações, síndromes, comorbidades e síndrome da apneia persistente, em geral é indicado o uso do CPAP (aparelho de pressão aérea positiva controlada) e até mesmo uma traqueostomia.
Vera Moron Rodrigues (CRM 38792) é otorrinolaringologista e médica de sono. Rua José Bertonha 163 , Jardim Tangará. Telefone: (14) 34331660 e 9.97853000