A Semana Nacional de Conscientização sobre Microcefalia começa todo dia 4 de dezembro

Brasil viveu uma das maiores epidemias de Zika entre 2015 e 2016, que resultou em quase 2 mil casos de microcefalia, uma malformação grave no cérebro dos bebês.

Desde então, o governo federal instituiu a Semana Nacional de Conscientização sobre Microcefalia, que começa todo dia 4 de dezembro.

Segundo dados do Butantan, em um terço dos casos de infecção em gestantes, os bebês podem nascer com a malformação no cérebro, que eleva a mortalidade da criança em 11,33 vezes.

Vírus x Microcefalia

O vírus da Zika pode causar uma doença geralmente “leve”, mas quando infecta gestantes, pode levar à microcefalia, uma malformação no cérebro do bebê que pode resultar em morte, aborto ou natimorto.

Além disso, alguns bebês podem nascer com a cabeça no tamanho normal, mas ainda assim apresentar “anormalidades intelectuais e cognitivas”, como explica o Butantan. E espectro é chamado de Síndrome Congênita do Vírus Zika.

Transmissão e prevenção

Sem um tratamento específico disponível, o foco principal no combate ao Zika, presente em 89 países segundo a Organização Mundial da Saúde, está na prevenção.

O vírus é transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, mas também pode ser passado por relações sexuais ou transfusão de sangue.

Como atualmente não há vacina, o Ministério da Saúde sugere medidas preventivas, especialmente no controle do mosquito.

São elas:

  • Aplicar repelente;
  • Colocar o lixo em sacos plásticos e manter a lixeira sempre bem fechada;
  • Não deixar água parada em vasos, pneus velhos, calhas e outros locais da casa;
  • Usar preservativos, mesmo se tiver parceiro(a) fixo (pois é possível ter sido exposto ao vírus e não saber);
  • Utilizar telas em janelas e portas;
  • Vestir roupas compridas.

Sendo assim, durante o pré-natal até o puerpério, as gestantes devem dar atenção especial a essas medidas, especialmente em épocas mais quentes e chuvosas, que propiciam a proliferação do mosquito.

Uma a cada cinco gestantes/puérperas mortas por Covid-19 não teve acesso a UTI
(Imagem: Shutterstock)

Diagnóstico

Diagnosticar a Zika é difícil, pois a maioria das pessoas fica assintomática. Apenas uma em cada quatro desenvolve sinais — como febre baixa, erupções cutâneas, dor de cabeça, dor nas articulações, dor muscular e conjuntivite, que surgem de dois a sete dias após serem picadas.

Vale ressaltar que mulheres suspeitas de infecção ou que receberam sangue durante a gestação devem fazer o teste na rede pública.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), além da Zika, vários fatores podem causar a microcefalia, como a co-ocorrência de Síndrome de Down no feto, exposição da gestante a drogas, álcool, toxinas ou rubéola durante a gravidez.

Criança com a síndrome

A Síndrome Congênita do Vírus Zika, que inclui a microcefalia, traz algumas complicações:

  • Convulsões;
  • Atrasos no desenvolvimento;
  • Deficiência intelectual;
  • Dificuldades motoras;
  • Equilíbrio comprometido;
  • Problemas visuais, auditivos e de fala.

Contudo, os sintomas variam de acordo com o grau de dano ou subdesenvolvimento cerebral.

O diagnóstico é realizado por ultrassom antes do nascimento ou, após o parto, pela medição da circunferência da cabeça e exames clínicos.

Nesse sentido, os pacientes necessitam de acompanhamento médico regular, muitas vezes envolvendo diferentes especialistas.

Por isso, a estimulação precoce é crucial, utilizando diversas técnicas terapêuticas para favorecer o desenvolvimento motor, cognitivo, sensorial, linguístico e social, visando prevenir ou reduzir possíveis prejuízos.

Além disso, manter a vacinação da criança atualizada conforme o calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é fundamental.

Diagnóstico inovador

Diagnosticar o vírus Zika com precisão é difícil porque os testes atuais podem confundir com o vírus da dengue. Isso acontece porque ambos os vírus têm uma proteína chamada NS1, que é parecida.

No entanto, pesquisadores do Instituto Butantan, Instituto Adolfo Lutz, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista (UNESP) fizeram uma descoberta inovadora: a criação de um novo teste mais preciso usando pedaços específicos da proteína NS1 para identificar anticorpos do Zika.

Por Estella Abreu, editado por Bruno Capozzi/Olhar Digital

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Microcefalia: vírus Zika não é a única causa, alerta campanha
Foto:Freepik