Se usada corretamente, a inteligência artificial pode beneficiar a criatividade e até a indústria do entretenimento
A ficção muitas vezes antecipa o futuro e nos últimos anos, vemos a realidade superar as telas de cinema. A Inteligência Artificial (IA), que já foi tema de filmes, agora desafia os limites da indústria cinematográfica, apresentando possibilidades que há pouco tempo pareciam pertencer apenas à imaginação.
Em 2016, Sunspring foi um marco, sendo o primeiro filme com roteiro gerado integralmente por uma IA chamada Benjamin. Este sofisticado algoritmo de aprendizado de máquina absorveu vastos roteiros de ficção científica, assimilando estruturas e estilos para criar uma narrativa única.
Além disso, no ano passado, um surpreendente dueto entre a falecida estrela brasileira Elis Regina e sua filha Maria Rita emocionou o país em uma campanha da Volkswagen, mas também levantou debates sobre o uso ético da IA na recriação de figuras icônicas.
O fato é que a automação excessiva, inerente ao uso da IA, gera preocupações válidas, como a perda de empregos e a preservação da originalidade artística. No entanto, a colaboração entre a criatividade humana e a análise algorítmica está proporcionando narrativas cinematográficas mais cativantes e experiências únicas para o público.
Inclusive, conforme essa revolução se desenrola, a indústria do cinema enfrenta desafios, mas também abraça oportunidades emocionantes para explorar novos horizontes.
Inteligência Artificial não é coadjuvante no mercado do entretenimento
De acordo com a Globant, uma empresa de serviços de tecnologia digitalmente nativa, a IA desempenha um papel crucial na indústria do entretenimento. O levantamento destaca que aproximadamente 12% das organizações do setor já incorporaram a IA em seus projetos, trazendo benefícios significativos em traduções, análises de consumo, desenvolvimento de design e criação de melodias.
Blogueiros que adotam essa tecnologia economizam em média 30% do tempo dedicado à redação de publicações. Além disso, a IA tem automatizado processos nos estúdios de televisão e cinema, utilizando algoritmos de aprendizado de máquina e IA para gerar legendas, vídeos, áudios, processamento de linguagem natural (NLP) e análise de textos.
A capacidade da IA de gerar roteiros cinematográficos é um destaque dessa revolução. Algoritmos avançados analisam padrões narrativos, gêneros de sucesso e preferências do público para colaborar com roteiristas humanos. Essa parceria resulta em narrativas mais envolventes e adaptadas às expectativas contemporâneas.
Os benefícios da IA se estendem além da escrita. Na produção, algoritmos analisam performances de atores e sugerem elencos mais adequados. Softwares de edição automatizada aceleram a pós-produção, aumentando a eficiência e liberando espaço para aprimorar outros aspectos criativos.
Com plataformas de streaming em ascensão, a IA personaliza a experiência do espectador, analisando históricos de visualizações e preferências. Essa personalização não apenas mantém os espectadores envolvidos, mas também expande as oportunidades de descoberta de novos filmes, enriquecendo a diversidade cinematográfica.
Além disso, a IA eleva os padrões de efeitos visuais e animação, criando personagens e ambientes mais realistas. Essa aplicação não só economiza tempo, mas também amplia as possibilidades criativas para cineastas.
Apesar dos desafios éticos a serem discutidos, a IA não é uma ameaça, mas sim uma aliada que pode trazer encantamento para a indústria cinematográfica. A convergência da criatividade humana e da inteligência artificial promete criar obras memoráveis que definirão o futuro do cinema. A história está sendo escrita e a IA é parte integrante desse novo capítulo na trajetória do cinema mundial.
Por Alessandra Montini, editado por Bruno Capozzi