Cientistas de uma universidade na Suécia acompanharam pacientes idosos por 15 anos para chegar a essa conclusão

As doenças neurológicas degenerativas, apesar de cada vez mais comuns, ainda são objeto de muitas dúvidas na Ciência e na Medicina.

O que causa a demência ou o Alzheimer, seu tipo mais comum? São fatores genéticos apenas? Ambientais? Costumes que adotamos durante toda a nossa vida?Play Video

Não existe uma resposta definitiva para isso. Ainda. Estudos são feitos diariamente em busca de uma solução.

Recentemente, esse tema foi assunto na coluna Olhar do Amanhã, do doutor Alvaro Machado Dias, no Olhar Digital News. Você pode acompanhar a entrevista abaixo:

Pesquisas recentes, porém, apontam para uma relação surpreendente entre o vírus da herpes labial e essas condições.

Cientistas da Universidade de Uppsala, na Suécia, descobriram que pessoas que contraíram esse vírus em algum momento da vida têm duas vezes mais probabilidade de desenvolver demência em comparação com aquelas que nunca foram infectadas.

Os resultados estão no Journal of Alzheimer’s Disease.

Mais sobre o estudo

Os pesquisadores acompanharam 1.002 pacientes sem sinais de demência por 15 anos. Todos tinham 70 anos no dia 1 e 85 anos ao fim da pesquisa. Foram feitos exames de sangue periódicos, além de acompanhamento médico.

Desse total, 7% desenvolveram demência e 4% Doença de Alzheimer. O estudo descobriu que 82% dos participantes que desenvolveram doenças neurodegenerativas eram portadores de IgG anti-HSV – ou seja, o indicador no exame de sangue que mostra o vírus da herpes simplex.

Esse artigo científico vai de encontro ao resultado encontrado recentemente por outros pesquisadores.

Segundo a doutora Erika Vestin, da Universidade de Uppsala, a ciência pode estar se aproximando de uma resposta para esses casos.

“É emocionante que os resultados confirmem estudos anteriores. Cada vez mais surgem evidências de estudos que, tal como as nossas descobertas, apontam para o vírus herpes simplex como um fator de risco para a demência. Os resultados podem impulsionar a investigação da demência no sentido de tratar a doença numa fase inicial, utilizando medicamentos comuns contra o vírus da herpes, ou prevenir a doença antes que ela ocorra”, disse a médica.

Dados sobre as doenças

  • O vírus herpes simplex (HSV) é uma infecção comum e vitalícia que pode ser tratada, mas não existe cura.
  • Algumas pessoas podem viver a vida inteira com o vírus sem que ele se manifeste.
  • Estima-se que, globalmente, cerca de 67% das pessoas com menos de 50 anos tenham infecção pelo vírus herpes simplex tipo 1 (HSV-1), que é a principal causa de herpes oral ou herpes labial.
  • Já 13% têm infecção pelo vírus herpes simplex tipo 2 (HSV-2), que é a principal causa da herpes genital.
  • Já a demência afeta, hoje, 55 milhões de pessoas em todo o mundo.
  • Projeções feitas por entidades ligadas à saúde apontam que esse número pode subir para 78 milhões em 2030.
  • No Brasil, segundo relatório do Ministério da Saúde, cerca de 2 milhões de pessoas vivem com alguma forma de demência.
  • A expectativa é que esse número triplique até 2050.

As informações são do New Atlas.

Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi

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Estudo relaciona vírus da herpes à demência; entenda
Foto: Kim Kuperkova/Shutterstock