O nome “Páscoa” na língua portuguesa deriva dos termos “pessach” (hebraico), “pascha” (latim) e “paskha” (grego).

Tradicional comemoração cristã, tem sua origem na tradição judaica, tendo sofrido diversas influências pagãs com o tempo.

Originalmente era comemorada pelos judeus. A Páscoa judaica comemorava a libertação dos hebreus da escravidão no Egito (“PESSACH” no hebraico tem significado de “PASSAGEM“). Esta celebração pascal relembrava a fuga rumo à liberdade na Terra Prometida. Segundo a tradição judaica esta festa aconteceu por ordem direta de Javé a Moisés, que a repassou ao povo hebreu, tudo bem explicado no Capítulo 12 do livro bíblico Êxodo.

A “Páscoa Cristã” tem sentido absolutamente diferente da judaica. Relembra as PAIXÃOMORTE e RESSURREIÇÃO de Jesus Cristo, sendo um dos pilares de sustentação de toda a Fé cristã.  O Domingo de Páscoa cristão comemora a RESSURREIÇÃO de Jesus Cristo, e é o dia que finaliza a “Semana Santa cristã”.

A data desta comemoração é móvel, podendo ocorrer no período de 22 de março a 25 de abril, tudo isto estipulado no Concílio de Nicéia (325d.C.).

Modernamente, o que alguns chamam de “Páscoa Moderna“, foram agregados elementos de culturas pagãs (não cristãs). COELHOS e OVOS, que representavam símbolos de fertilidade para diversos povos pagãos, são exemplos de símbolos que foram sendo agregados a esta comemoração cristã.

                                                                                     *****

Nestes dias, os cristãos celebram o “MISTÉRIO PASCAL”.

“Mistério” , NÃO no sentido “mágico“, “oculto” , mas SIM no sentido de que é algo tão COMPLEXO, que FOGE do entendimento da razão humana.

É sobre a “Paixão, Morte e Ressurreição” de um “Deus-Homem.

Segundo a tradição, é o CÚLMEN e o CENTRO da vida de um cristão.

Representa a concretização absoluta de todas as promessas do Antigo Testamento.

É o amor do Filho de Deus ultrapassando a traição e a crueldade humanas, para a reconciliação.

As promessas de redençãosalvação e vida eterna CONCRETIZADAS, pelo Pai, através do Filho.

O plano de Deus para a salvação da humanidade EFETIVADO.

É a doação irrestrita de Cristo, “Amor e Vida”, em prol de nós seres humanos.

Conforme o “Prefácio da Páscoa da Instituição Católica Apostólica Romana 2.020”:

“Cristo morrendodestruiu a NOSSA morte e, ressuscitandorecuperou a NOSSA vida.”

                                                                                *****

O religioso, filósofo e teólogo Frei Aldo Colombo interpreta esta época, incluindo a Sexta-feira da Paixão, da seguinte forma :


Poucas vezes o MAL esteve TÃO PERTO da VITÓRIA FINAL.

enviado do Pai, aquele que veio anunciar a Boa-Nova e a plenitude da vida, é preso e condenado à morte.

Jesus está sendo expulso do mundo, enquanto Barrabás, símbolo do mal é aclamado.

A Sexta-feira Santa lembra como seria o mundo na ausência de Deus, um mundo sem redenção.

Mais do que mostrar o sofrimento de Jesus, assinala o seu amor que o levou a aceitar o sofrimento e a morte para nos libertar do pecado.

A Sexta-feira Santa é apenas um dia, a Páscoa será DEFINITIVA.
(Para chegar à manha Pascal, precisamos passar pela purificação deste dia).

As trevas são provisórias;
A luz Pascal é para SEMPRE …”

E continua, sobre o tema, o mesmo religioso :

“Com o Mistério Pascal Somos um povo de ressuscitados.

túmulo vazio é um capítulo superado !

Daquela manhã única, brilham estas duas certezas !

Mesmo que, por vezes, caminhamos na escuridão, somos sempre convidados a caminhar para a “nossa” Galiléia, onde O encontraremos …

À semelhança da primavera, a ressurreição vai acontecendo em nossa vida aos poucos …
São sinais pequenos, mas significativos !

São sinais de ressurreição !

Depois da “nossa” caminhada nos calvários da vida, um dia acontecerá a “nossa” Páscoa, a “nossa” primavera definitiva, a “nossa” eterna manhã Pascal …

                                                                                    *****

Evangelho (Marcos 16,1-7) é RICO na narrativa sobre este assunto. Aí vão partes, com suas devidas interpretações pelo hermeneuta e exegeta :

“Passado o sábado, Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago, e Salomé compraram perfumes para embalsamar o corpo de Jesus. É bem cedo no primeiro dia da semana, ao raiar do sol foram ao túmulo.”

(As mulheres, que foram as últimas a deixar o calvário, são as primeiras que chegam ao túmulo)

“Elas comentam entre si: -Quem vai remover para nós a pedra da entrada do túmulo ?-. Era uma pedra muito grande.”

(A determinação delas é MAIOR do que a pedra pesada da entrada do túmulo)

“Mas, quando olharam, perceberam que a pedra tinha sido removida. E ficaram muito assustadas. Mas o jovem lhes disse: -Não vos assusteis- !”

(O Pai mais uma vez, nos surpreende e remove QUALQUER dificuldade. Mais: nos exorta a NÃO ter medo)

“Procurais Jesus, o nazareno, aquele que foi crucificado ? Ele ressuscitou ! Não está aqui (…) : Ele vai à vossa frente para a Galiléia. Lá o vereis, como ele vos disse !”

(A cruz NÃO foi a última palavra. Jesus retorna à comunidade dos seus. Ele é NOSSO conterrâneo, caminha conosco, ou melhor, caminha à nossa frente. Ele é NOSSO FUTURO. A Galiléia significa o lugar para onde caminhamos. Em que pesem as dificuldades, sabemos que lá o veremos. E com Ele começamos uma NOVA história. É o reino da Verdade, da Vida, do Amor, da Justiça e da Paz)
(Comentários de Frei Aldo Colombo)

                                                                                            *****



Que nossas vidas sejam permeadas pelo “Mistério Pascal” para sempre …

Que os “coelhos” NÃO passem da simbologia dos povos antigos, durante o início da primavera, onde representavam a fertilidade e símbolo da esperança do ressurgimento/renovação da vida.

Que os “ovos”, como sempre foram ao longo da história, NÃO tenham outro significado que o de metaforizar o “começo da vida”, como um dos mais tradicionais símbolos associados à fertilidade e ao ciclo da “renovação da vida”.

Que nossas experiências de “perda e de dor”, especialmente no caso da morte de Jesus, nos mostrem a insignificância da matéria, e aumentem mais ainda nossa  na certeza de que realmente existe o “outro lado” nos esperando …

Que a Páscoa (do hebraico “pêssach”, no sentido de “passagem”), tenha em NOSSAS vidas a representatividade de “NOSSAS passagens” … para o bem, para a vida eterna …

Feliz Páscoa !                                                                                                                                                                                            Ótima semana !
João Evaristo e família

Compartilhar matéria no
“Sobre a PÁSCOA dos cristãos …” Confira na Coluna Semanal de João Evaristo
Foto: Reprodução