
Quando você faz a limpeza da sua cozinha, imagino que passe um pano no chão, nas bocas do fogão, nos armários e até mesmo na parte de fora da geladeira. Não sei vocês, mas eu quase sempre esqueço de limpar por dentro do micro-ondas. E, sim, isso é mais comum do que parece.
A ponto de cientistas da Universidade de Valência, na Espanha, estudarem especificamente esse eletrodoméstico – e os microrganismos que existem dentro dele.
Ao esquentarmos a comida, é normal que ela espirre um pouco (para isso serve aquela tampa vazada de proteção). Além disso, nossa mão também pode carregar algumas bactérias – e vivemos colocando e tirando elas de dentro do micro-ondas.
Antigamente, havia uma história de que a radiação dentro do equipamento mataria todos esses seres estranhos. Mas isso não passa de uma lenda urbana, da mesma família do leite com manga e do “pode comer comida que cai no chão se você pegar em menos de 3 segundos”.
Em artigo publicado na revista Frontiers in Microbiology, os pesquisadores demonstraram que as bactérias sobrevivem, sim, dentro dos micro-ondas. Mais do que isso: existem verdadeiros ecossistemas no interior desses eletrodomésticos.
Um mundo à parte de… bactérias
Os cientistas coletaram amostras de 30 fornos de micro-ondas.
Alguns deles ficavam em residências, outros em locais de trabalho (e são compartilhados) e tem ainda aqueles de laboratório (usados para aquecer soluções químicas).
Na sequência, a equipe cultivou suas amostras em placas de Petri e determinou os gêneros dos micróbios que cresceram.
Eles também sequenciaram o DNA no material coletado para ter uma noção da diversidade bacteriana dentro dos aparelhos.
Resultado: os pesquisadores encontraram um total de 101 cepas bacterianas.
As dominantes pertencem aos gêneros Bacillus, Micrococcus e Staphylococcus, que normalmente vivem na pele humana e em superfícies que as pessoas tocam com frequência.
As bactérias da pele humana, aliás, estavam presentes em todos os três tipos de forno de micro-ondas, mas eram mais abundantes nos aparelhos domésticos e de uso compartilhado.
Alguns tipos de bactérias associadas a doenças transmitidas por alimentos, incluindo Klebsiella e Brevundimonas, também cresceram em algumas das culturas de micro-ondas domésticos.
Os cientistas acreditam que as cepas encontradas passaram por uma espécie de “seleção natural”, com as mais fortes sobrevivendo à radiação do equipamento.
Os organismos sobreviventes podem ser chamados de “extremófilos”.
Esse é o nome dado aos seres que vivem em ambientes com condições que são consideradas adversas às formas de vida mais comuns do planeta.
Inclua nessa lista frio ou calor intenso, zonas de alta radiação ou PH elevado.
Devemos nos preocupar com os micro-ondas da nossa casa?
Apesar de terem identificado essas bactérias, os cientistas deixam claro que nenhuma delas é extremamente prejudicial à saúde humana. Ou seja, não há motivos para preocupação.
É claro que isso não significa que você não deve lavar seu micro-ondas. A dica é que você faça limpeza regularmente, assim como cuida do chão da cozinha ou dos armários.
O mesmo vale para eletrodomésticos do tipo que fiquem dentro de empresas.
E aí, vai começar a limpar seu micro-ondas agora?
As informações são da Nature.
Fonte: Olhar Digital