
Durante uma audiência virtual realizada nesta semana, a juíza do Trabalho Cleuza Gonçalves Lopes, da 18ª vara de Goiânia/GO, demonstrou irritação e proferiu xingamentos após ser questionada por uma advogada sobre a ata. A advogada apontou um possível erro na ata, ao que a magistrada respondeu: “A ata é minha, eu escrevo o que eu quiser nela. Que merda de diferença faz?”.
Além disso, a juíza ironizou a afirmação da advogada de que outras testemunhas não teriam recebido o mesmo tratamento. “É só levantar a minha parcialidade, e eu vou declarar. Com o maior prazer. Um processo a menos para julgar. Ainda mais um banco. Vou ter uma alegria enorme. Eu tenho 300 processos por mês, não vai fazer diferença”, disse a magistrada.
Por fim, a magistrada ainda afirmou “odiar” audiência virtual, pois “todo mundo se acha no direito”. “Todo mundo acha que é juiz nas audiências virtuais”, finalizou.
Em nota, o TRT-18 disse que preza sempre pelo respeito mútuo, urbanidade e cooperação com todos os órgãos que compõem o sistema de Justiça, e que reafirma a crença nas relações harmoniosas e respeitosas que tem cultivado com a advocacia ao longo de seus quase 34 anos de existência.
Durante uma audiência virtual realizada nesta semana, a #juíza do Trabalho Cleuza Gonçalves Lopes, da 18ª vara de Goiânia/GO, demonstrou irritação e proferiu #xingamentos após ser questionada por uma #advogada sobre a #ata.
A advogada apontou um possível erro na ata, ao que a… pic.twitter.com/QSmvIajxDs
— Migalhas (@PortalMigalhas) August 29, 2024
“Informamos que publicações na mídia sobre uma audiência virtual realizada pelo juízo da 18ª Vara do Trabalho de Goiânia estão relacionadas a um processo que está em segredo de justiça. Portanto, a divulgação, neste momento, de qualquer informação relativa ao processo ou aos atos processuais nele praticados constitui violação legal. Vale ressaltar que as instâncias administrativas (Corregedoria Regional e a Ouvidoria do TRT-18) e judicial desta Corte estão à disposição para eventual recurso ou reclamação das partes. Esclarecemos também que não existem processos abertos contra a magistrada que presidiu a audiência.”
A OAB/GO e a Associação Goiana da Advocacia Trabalhista também se pronunciaram, repudiando a atitude da magistrada. Em nota, as entidades expressaram profunda indignação e repúdio. “Conduta absolutamente incompatível com os preceitos que regem a magistratura por parte de uma juíza trabalhista.”
“O respeito entre as partes em um processo judicial é um princípio basilar de um Estado Democrático de Direito. Não há hierarquia entre advocacia, magistrados e demais atores do processo, sendo o respeito mútuo um pilar essencial para a adequada administração da Justiça. A liberdade de expressão no exercício da advocacia é um direito fundamental, e o registro em ata é um direito do advogado e dever do magistrado. Desrespeitar esses princípios é desrespeitar a própria Justiça.”
Por fim, a nota afirma que “a urbanidade no trato processual não é uma mera formalidade, mas sim uma exigência legal e ética que deve ser observada por todos os operadores do Direito, especialmente pelos magistrados, que têm a responsabilidade de conduzir o processo com equilíbrio e imparcialidade.”
Fonte: migalhas.com.br