Mark Zuckerberg apresentou o protótipo na conferência anual da empresa, na semana passada; demonstração impressionou jornalistas americanos.
Bilhões de pessoas em todo o mundo usam diariamente um smartphone. Seja para trabalho, lazer ou até mesmo para uma ligação telefônica. Sair de casa sem o aparelho é quase como sair pra rua… sem roupa – ou qualquer outra coisa extremamente essencial.
Essa é a realidade da maioria da população global. Mas você já parou para pensar que esses costumes não têm nem 20 anos direito? Ok, o primeiro smartphone é bem mais antigo, de 1994. O IBM Simon foi o primeiro produto comercialmente viável a misturar os conceitos de telefonia e computação. Mas as vendas foram um fiasco.publicidade
Várias outras empresas seguiram a mesma fórmula e podemos dizer que os smartphones começaram a se popularizar de verdade depois do primeiro iPhone, em 2007, ou seja, aproximadamente 17 anos atrás. O mundo, a vida e a rotina das pessoas era completamente diferente naquela época. E hoje não sabemos mais viver sem essas telas portáteis.
Foi assim com o smartphone, foi assim com o celular, o telefone fixo, o computador doméstico, o carro… São grandes invenções que moldaram o comportamento de toda uma sociedade. A pergunta que fica depois dessa introdução é a seguinte: qual será a próxima grande plataforma?
A gigante Meta aposta nos óculos de Realidade Aumentada. E o seu principal candidato atende pelo nome de Orion.
Meta apresenta Orion
- O novo produto foi apresentado pelo CEO da empresa, Mark Zuckerberg, durante a conferência anual Connect, em 25 de setembro.
- Não dá para chamá-lo ainda de produto, uma vez que ele não está pronto para produção em massa.
- O projeto nasceu em 2018, mas o lançamento foi arquivado alguns anos depois, em 2022.
- Isso por que ele ainda é economicamente inviável: cada unidade custa algo em torno de US$ 10 mil para ser feita.
- A Meta, então, decidiu tirar o pé do acelerador, mas sem virar as costas para o conceito.
- Continuou investindo na ideia, mas fez apenas mil unidades para desenvolvimento interno e demonstrações externas.
- A demonstração externa da última semana contou com algumas dezenas desses óculos e deixou os jornalistas presentes impressionados.
- Segundo relatos do site The Verge e do canal CNBC, o que mais impressionou no Orion é que ele funciona realmente como óculos normais.
- Não são pesados como o Vision Pro, da Apple, ou o próprio Quest, da Meta – que são headsets.
- Quando você liga o Orion, você tem acesso a um verdadeiro computador em seu rosto.
- Quando desliga, a sensação é que você está vestindo um óculos de sol ou um par de óculos normais.
- Outra grande vantagem é que as lentes não esquentam, uma vez que são feitas de carboneto de silício, não de plástico ou vidro.
- Além de não esquentar, o silício deixa as imagens digitais sobrepostas ao mundo real quase perfeitas.
- O problema é que o material é extremamente caro – o que inviabilizou a produção em massa.
O futuro da tecnologia
O Orion não traz, essencialmente, nada novo. Ele, porém, consegue melhorar quase tudo do que existe atualmente, apresentando-se como uma alternativa viável para o que Mark Zuckerberg chamou de um eventual substituto dos smartphones.
O CEO imagina que as pessoas usarão os óculos de RA para dois propósitos principais: comunicar-se entre si e interagir com a Inteligência Artificial. Isso tudo com telas digitais sobrepostas ao mundo real. As telas sairiam das mãos das pessoas e apareceriam direto em frente aos olhos delas. Zuckerberg gosta de chamar isso de “hologramas”.
O Orion pega os recursos de IA generativa que já existem nos óculos inteligentes Ray-Ban Meta e adiciona esse elemento das “telas flutuantes”. Na apresentação da última quarta-feira, os jornalistas gringos puderam usar a novidade em diferentes situações.https://www.youtube.com/watch?v=WUaxBmdMMKo
Em uma delas, os óculos identificaram alimentos sobre uma mesa e sugeriram uma receita – que subiu como um pop-up, numa tela saltando sobre os seus olhos. Os jornalistas também puderam utilizar o aplicativo do Messenger e até fizeram uma ligação de vídeo para um iPhone.
A última experiência envolveu dois Orions interagindo entre si para uma partida em 3D do clássico Pong. Para isso, os dois jogadores tiveram que usar um código QR para parear os óculos e, então, usaram uma pulseira para controlar a raquete.
O hardware do Orion, aliás, é composto por três partes:
- os óculos em si;
- essa “pulseira neural” para controlá-los;
- e um disco de computação sem fio que se assemelha a uma grande bateria de telefone.
A CPU dos óculos, por assim dizer, é esse disco. Se estiver a mais de 4 metros de distância desse objeto, o Orion não funciona devidamente.
Substituto do smartphone?
Esse é o sonho de Zuckerberg. A Meta, no entanto, sabe que esse é um caminho longo, difícil e não instantâneo. Até lá, teremos vários outros óculos de RA no mercado. E alguns deles até já existem.
Mas, como aconteceu com o smartphone lá atrás, não basta ser o primeiro para liderar o mercado. É preciso ter o melhor produto. A IBM sofreu isso na pele. E a Apple saiu por cima.
Nesse aspecto, a maçã e o Google podem se dizer vitoriosos – todas as outras empresas precisam colocar seus produtos e aplicativos nas lojas deles (App Store e Play Store).
A Meta quer esse domínio de mercado na próxima geração. O Orion almeja representar o passo final dos óculos de RA: um wearable com poder de computação suficiente para realmente fazer as pessoas deixarem seus smartphones em casa.
Os engenheiros da big tech projetam que o Orion vá se tornar economicamente viável para produção em massa em sua segunda ou terceira geração. E que, se tudo der certo, o preço deve ser comparável ao dos telefones e laptops de hoje em dia.
Até lá, o que teremos são essas demonstrações poderosas como a da última quarta-feira. A Meta mostrou ao mercado e aos investidores que tem uma baita carta na manga para liderar a próxima geração. O problema agora é convencer o público de que eles precisam mais de um óculos do que de um celular.
As informações são do The Verge.
Por Bob Furuya / Olhar Digital