Em carta aberta ao vice-presidente Hamilton Mourão, oito países da Europa exortam o governo brasileiro a tomar iniciativas para conter o avanço do desmatamento na Floresta Amazônica. O documento é assinado pelos sete integrantes da chamada Parceria das Declarações de Amsterdã: Alemanha, Dinamarca, França, Itália, Noruega, Holanda e Reino Unido. A Bélgica também se juntou ao chamado.
No texto, o grupo expressa preocupação com o aumento, “a taxas alarmantes”, do desmate da Amazônia. “Sem dúvidas, isso confirma a importância fundamental de garantir que os órgãos governamentais nacionais possuam a capacidade adequada para monitorar essas tendências e aplicar as devidas leis”, destacam.
Os oito países acrescentam que, no continente europeu, há um interesse da sociedade para que redes produtivas de alimentos tenham origem em bases sustentáveis. “Enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimento não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança”, ressaltam.
A carta salienta que, no passado, o País foi capaz de reduzir o desmatamento e expandir a produção agrícola ao mesmo tempo. “Os países que se reúnem através da Parceria das Declarações de Amsterdã contam com um compromisso político firme e renovado por parte do governo brasileiro para reduzir o desflorestamento e esperam que isso se reflita em ações reais imediatas”, cobram.
O grupo ainda enfatiza que está disposto a abrir canais de diálogo com agentes dos mercados de commodities, entre eles produtores, negociantes e importadores, assim como legisladores povos indígenas e cientistas. “Isso também contribuirá para o estabelecimento de um setor agrícola próspero e saudável”, conclui.
O documento é divulgado em um momento em que a política ambiental brasileira ameaça a viabilidade do acordo comercial da União Europeia com o Mercosul.
Conforme mostrou reportagem, autoridades no Velho Continente acreditam que o pacto não conseguirá superar os trâmites burocráticos necessários se não houver um compromisso do Palácio do Planalto com a contenção do desmate na Amazônia.