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Alimentar a população do planeta sem exaurir seus recursos é um desafio bem mais complexo do que simplesmente oferecer soluções inovadoras ao mercado. Essa é uma das conclusões de estudo realizado por um grupo de 48 cientistas de 13 países publicado na revista Nature Food.

Eles demonstraram que a adoção de tecnologias não depende somente dos trabalhos nos laboratórios, mas necessita de uma relação de múltiplos atores envolvidos. Os sistemas produtivos devem ser olhados em sua totalidade da produção no campo até a gestão de desperdício nas casas, passando pela indústria, trabalhadores, investidores, governos e consumidores.

Para chegar às conclusões, os cientistas fizeram um detalhamento de tecnologias relacionadas ao setor desde o período Neolítico (entre 8 mil a 5 mil anos antes de Cristo) até o presente, avaliando seus impactos positivos e negativos. Eles também listaram 75 tecnologias em desenvolvimento antecipadas para as próximas décadas e as caracterizaram em detalhes.

Fizeram parte temas como: impressão molecular, internet das coisas, nanodrones, sequenciamento genômico, nanofertilizantes, impressão 3D e outras. Elas foram catalogadas de acordo com a escala TRL, metodologia que avalia o grau de maturidade de cada tecnologia.

A partir daí, os cientistas propuseram oito fatores capazes de acelerar a transição para um sistema alimentar mais sustentável. “O artigo faz uma abordagem equilibrada da dimensão tecnológica e das demais dimensões transformadoras ou aceleradoras das mudanças pretendidas com a tecnologia”, resume Lopes.

Muito Além da Tecnologia

Embora o estudo se concentre no potencial transformador das tecnologias, os autores reconhecem que a inovação, por si só, não é suficiente para transformar os sistemas alimentares.

“A transformação do sistema de produção de alimentos não será puramente tecnológica. No centro desse processo está o formato de inovação que envolve mudanças profundas nos diversos componentes do sistema (tecnologias, infraestrutura, habilidades e capacitação) e uma ampla reforma de valores, regulações, políticas, mercado e governança envolvida”, diz o artigo.

Muitas tecnologias atuais apresentam forte potencial de promover mudanças importantes. Porém, isso não garante que sejam adotadas ou, se o forem, que surtam os efeitos esperados.

Por isso, uma das conclusões do trabalho é que os esforços para acelerar as mudanças tecnológicas deve estar alinhados com os processos políticos e sociais. “Eles podem tanto impedir como catalisar os sistemas de inovação”, alertam os cientistas.

Esse amplo acordo, dizem os autores, será crucial para a evolução dos sistemas produtivos, uma vez que a produção de alimentos envolve preocupações éticas e ambientais de muitos grupos.

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Embrapa: Alimentar o planeta com sustentabilidade dependerá de inovação