O Slam Subterrâneo abriu inscrições para oficina gratuita “Slam na Escola: Escrita e Performance”, que acontecerá no dia 25 de setembro (sábado), das 14h às 16h. A oficina será voltada para profissionais em educação, que queiram trabalhar sobre a temática em sala de aula, e acontecerá on-line por meio da plataforma Google Meet.
A Oficina faz parte de projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc, com premiação Sérgio Ricardo em Edital desenvolvido pela Secretaria da Cultura de Marília.
As inscrições podem ser realizadas por meio de link disponibilizado na Bio do Instagram do Slam: .
A Oficina será ministrada por Tawane Theodoro, nascida e criada na Zona Sul de São Paulo, é poeta marginal, slammer e uma das organizadoras do Sarau do Capão e do Slam do Bronx. É também autora do livro “Afrofênix: a fúria negra ressurge” – Editora Quirino, 2019.
Além desta oficina, o projeto premiado do Slam conta com uma oficina de escrita para jovens que acontecerá em dez escolas da cidade de Marília e a doação de livros de literatura marginal para essas escolas. Como finalização será produzido um vídeo com poesias produzidas nas oficinas de escrita.
SLAM
Slam, apesar de ser uma modalidade relativamente recente dentro da história da literatura, carrega em sua produção atual saberes e estéticas ancestrais. Ao trabalhar com a poesia falada o slam bebe na tradição oral resgatando saberes e estéticas produzidas por povos africanos e comunidades afro-brasileiras expressas através das histórias do griôs, das cantigas de capoeira, dos pontos de terreiro, do samba, do rap, da confecção de bonecas Abayomis, da literatura de cordel.
A oralidade traz a voz, o corpo, e o próprio sujeito para o centro do texto, expressando as marcas sociais e territoriais que o poeta carrega. Pode-se dizer, de acordo com o conceito criado pela escritora e socióloga Conceição Evaristo, que os slammers produzem escrevivências.
Por se tratar de uma performance, o sujeito assume a responsabilidade do discurso ao mesmo tempo que a resposta do público e a interação com o ambiente ao redor participa da construção da performance, de forma que a cada apresentação o público, o poeta e a poesia se transformam, trazendo o valor cultural africano de construção coletiva. A produção artística transita de forma dialética entre o campo da vivência e da pesquisa. Dentro da história da literatura brasileira o slam faz parte da literatura marginal periférica, que tem seu marco na década de 1990 quando o escritor e pesquisador Ferréz classifica as produções literárias de autoras e autores negras e periféricas nomeando esse movimento como literatura marginal e publicando sua síntese na revista Caros Amigos.
Dentro da literatura marginal, que posteriormente passa a ser chamada de literatura marginal periférica, pode-se citar o movimento hip-hop e o movimento de saraus que acontecem nas periferias de cidades metropolitanas protagonizado por jovens negros e periféricos, com destaque para a Cooperifa, sarau idealizado pelo poeta Sérgio Vaz com edições periódicas em Taboão da Serra.
O Slam Interescolar tem o objetivo de contribuir com as escolas públicas no projeto de recuperação necessário no retorno presencial das aulas promovendo o incentivo à leitura e desenvolvendo as competências leitora e escritora.
Num cenário que se desenha com forte probabilidade de alto índice de evasão escolar no retorno presencial, o slam pode contribuir, ressignificando o espaço escolar e construindo noção de pertencimento. Por ser um espaço de fala e de escuta, o slam pode funcionar como uma verdadeira ágora, ou seja, espaço onde estudantes podem atuar politicamente, articulando conhecimentos históricos, sociológicos, geográficos e filosóficos com experiências pessoais que resultará na produção artística. Dessa forma também contribui para a leitura crítica da realidade e construção de cidadania.