Ansiedade, stress, tristeza, rotina inadequada de sono são algumas condições que podem disparar crises de enxaqueca, a dor de cabeça latejante que pode perdurar por até 72 horas. Gatilhos que podem ter sido intensificados durante o período prolongado de pandemia de COVID-19. Determinados tratamentos podem prevenir e espaçar tais crises, segundo Consenso Latino-Americano de Tratamento.
A enxaqueca é uma doença muito mais comum do que se imagina: segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, cerca de 20% das mulheres e 5% a 10% da população masculina são afetados por esta, que é uma doença de alto custo pessoal, social e econômico. É considerada crônica quando a dor de cabeça se manifesta por mais de 15 dias ao mês. Geralmente pode ser pior de um dos lados da cabeça e pode vir acompanhada de náuseas, sensibilidade à luz, barulhos e odores.
“Alguns dos principais gatilhos para a enxaqueca se intensificaram no último ano, com a pandemia de Covid-19. O isolamento prolongado, maior carga de trabalho e incertezas gera um estresse crônico que aumenta a frequência e a intensidade das crises de dor de cabeça. E o uso excessivo de analgésicos sem indicação médica é um importante fator para cronificar a enxaqueca”, diz Thais Villa, neurologista chefe do Setor de Cefaleias da UNIFESP. Segundo a OMS, é a sexta doença mais incapacitante do mundo, e a primeira em adultos abaixo dos 50 anos.
Enxaqueca Crônica
A frequência, duração e sintomas diferem a enxaqueca crônica das dores de cabeça comuns, tais como vômito, náusea, sensibilidade à luz, barulho, determinados odores e movimentos, persistentes por 15 dias no mês, por mais de três meses (no período de um ano). É também uma das principais causas de absenteísmo e diminuição da produtividade no trabalho, impondo um significativo impacto na economia devido aos altos custos para os pacientes e sociedade.
Tratamentos
Embora a enxaqueca crônica não tenha cura, é possível controlá-la, espaçando a ocorrência de crises e amenizando a intensidade dos sintomas, com medicamentos adequados a cada caso, sob prescrição médica. Segundo o Consenso Latino-Americano para as Diretrizes de Tratamento de Migrânea Crônica e o Consenso da Sociedade Brasileira de Cefaleia sobre o Tratamento da Migrânea Crônica, os tratamentos podem ter duas abordagens:
• Tratamento agudo – para reduzir a frequência e intensidade das crises, melhorar os sintomas das crises, a escolha do medicamento será definida por um médico caso a caso, incluindo tratamento hospitalar em pronto-socorro
• Tratamento preventivo – para prevenir a recorrência das crises 3, podem ser utilizados medicamentos orais, como neuromoduladores e betabloqueadores, e medicamentos injetáveis. Entre os injetáveis, o objetivo é reduzir a percepção da dor pelo sistema nervoso central; o medicamento é injetado no trajeto dos nervos que inflamados provocam a dor de cabeça, em pontos específicos da cabeça, do pescoço e na porção mais alta do tronco.
Automedicação durante a pandemia: um alerta
O uso indiscriminado de analgésicos pode gerar um efeito rebote, requerendo o consumo de mais medicamento, com consequente aumento das crises e sua intensidade. Isso já acontece se utilizados 10 ou mais medicamentos de crise, por um período de mais de três meses. “Durante a etapa de distanciamento social e trabalho remoto, muitos pacientes de enxaqueca crônica trocaram os tratamentos prescritos por medicamentos de fácil acesso – mas esses medicamentos, em excesso, também podem disparar episódios de enxaqueca”, diz Dra. Thais Vila.
Hábitos Saudáveis
Como muitos dos gatilho das crises de enxaqueca estão também relacionados aos hábitos de vida, manter uma rotina de alimentação e atividades físicas equilibradas favorece a qualidade de vida de quem sofre com a doença.
Para mais informação, acesse http://www.enxaquecacronica.com.br, portal criado com o objetivo de fornecer informações sobre a condição, sendo a consulta com o profissional de saúde fundamental e imprescindível para eventual diagnóstico, tratamento e acompanhamento do paciente.