Tiago Varella, da Agência Einstein
Os cálculos renais, também conhecidos como pedras nos rins, podem indicar outros problemas que vão além da doença renal. Dados de uma análise retrospectiva da Veterans Health Administration (VHA), publicados recentemente no Journal of Bone and Mineral Research, apontam que um em cada quatro homens e mulheres com diagnóstico de pedra nos rins apresenta osteoporose ou fratura nos ossos no momento do diagnóstico. Porém, menos de 10% desses pacientes são submetidos a exames de densitometria óssea para identificar a diminuição da densidade óssea.
“Essas descobertas sugerem que o risco de osteoporose ou fraturas em pacientes com cálculos renais não se restringe a mulheres na pós-menopausa, mas é observado também em homens, um grupo que é menos conhecido por sofrer desse problema”, explica Calyani Ganesan, da Universidade de Stanford e um dos autores do estudo.
Um total de 531.431 pacientes com histórico de pedras nos rins foi identificado no banco de dados da VHA e 23.6% deles foram diagnosticados com osteoporose ou tinham algum osso quebrado na época em que o cálculo renal foi identificado. Os casos mais comuns eram de fraturas não relacionadas ao quadril, observada em 19% dos pacientes. Em seguida, vieram osteoporose (6.1%) e fratura de quadril (2.1%). A idade média dos pacientes que receberam diagnóstico ao mesmo tempo de pedra nos rins e osteoporose ou tiveram histórico de fraturas foi de 64,2 anos. A maioria dos participantes eram brancos e 91% deles eram do sexo masculino.
Entre 462.681 pacientes que não tinham histórico prévio de osteoporose ou fratura antes do diagnóstico de cálculos renais, apenas 9.1% haviam se submetido à triagem de densidade mineral óssea nos 5 anos após a identificação de pedras nos rins. Daqueles que completaram os testes, 20% foram diagnosticados com osteoporose futuramente, 2.4% com fratura de quadril e 19% com outros tipos de fraturas. Os pacientes com cálculos renais que foram submetidos ao exame de medição da densidade óssea e posteriormente diagnosticados com osteoporose eram majoritariamente formados por homens, representando 85% do total.
“Esperamos que este trabalho aumente a conscientização sobre a possibilidade de redução da resistência óssea em pacientes com cálculo renal e, em nosso trabalho futuro, esperamos identificar quais pacientes estão em maior risco de osteoporose ou fratura para ajudar a orientar na triagem de densidade óssea”, acrescenta Ganesan.
Segundo os pesquisadores, é provável que a origem dos cálculos renais não esteja relacionada à hipercalciúria, que é quando há alta excreção de cálcio na urina, mas à superabsorção do mineral pelo intestino em vez dos ossos. Os resultados do estudo sugerem, portanto, que a densitometria óssea seja realizada mesmo quando não há indícios de hipercalciúria.