Caso a equipe econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva apresente um substituto eficaz para o teto de gastos, assumindo um compromisso com a estabilidade fiscal, o cenário econômico no Brasil em 2023 será mais favorável, com câmbio ao redor de R$ 5 (ou menor), inflação mais baixa e juros menores. O quadro obviamente seria mais interessante para a economia como um todo, favorecendo o setor produtivo, o emprego e a renda no país.
A avaliação é de Paulo Gala, membro do Conselho Consultivo da Fundação Faculdade de Medicina (FFM), entidade particular e sem fins lucrativos que apoia as atividades da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e do Complexo do Hospital das Clínicas (HCFMUSP). Gala explicou o cenário nesta sexta (16) às equipes das instituições, que estiveram reunidas no HC para consolidar seu planejamento estratégico para 2023.
Gala ressalta que a PEC de R$ 150 bilhões não preocupa, porque está mesma proporção dos gastos extras feitos pelo atual governo em 2022, e afirmou considerar a regra do teto de gastos muito rígida, lembrando que não tem sido cumprida nos últimos anos. Ele pontuou que é necessário substituir a regra do teto por um mecanismo que seja eficaz e bem acolhido pelo mercado. Por outro lado, diz o economista, se o governo não estabelecer uma regra fiscal eficiente e “crível” do ponto de vista do mercado financeiro, o cenário seria desafiador, com câmbio atingindo R$ 6, inflação em alta e juros em ascensão.
O economista elogiou a postura “fiscalista” de Fernando Haddad, futuro ministro da economia, e de seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, ressaltando que esse último é um grande entusiasta das parcerias público-privadas para destravar investimentos.
“Vislumbro uma avenida de expansão de parcerias público-privadas no país com a nova equipe econômica”, afirmou.
Gala destacou, ainda, que a taxa de câmbio terá impacto fundamental sobre a inflação e, consequentemente, sobre os juros. Mas ressaltou que o país possui US$ 320 bilhões de dólares em reservas cambiais, o que aliviaria um pouco a pressão sobre o câmbio, caso o cenário mais difícil se concretize.
O economista ponderou, no entanto, que o Brasil está “resistindo bem” ao choque de juros americano, que é surpreendente, porque o contexto americano tem como consequência uma escassez maior de investimentos externos no Brasil. Segundo Gala, o surto inflacionário global de 2021 e 2022 está no fim. Isso porque suas principais causas – desestruturação do comércio mundial, por conta da pandemia; superestímulo dos governos, com políticas de juro zero e gasto público; e guerra da Rússia contra a Ucrânia, aumentando os preços dos grãos e da energia – já se esgotaram.

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